O Nascimento

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"O nosso filho está para chegar meu amor" eu falo para o Danilo enquanto ele me ajuda a passear pelo jardim. Com o tamanho da minha barriga, eu costumo me desequilibrar muito, eu já nem meus pés conseguia ver.

Ele beija minha cara gentilmente "É tá quase" ele concorda afagando minha barriga.

Eu sorrio com o gesto-

"Eu nem consigo imaginar sendo mais feliz do que estou agora" eu lhe confesso. Estes últimos meses tem sido um sonho com Danilo do meu lado. Mesmo com meu pai nos procurando, e a preocupação que eu tenho sobre o estado da minha mãe, eu tenho estado muito feliz.

"Assim que ele nascer, e você estiver melhor, nós vamos para bem longe daqui, longe do Coronel." ele fala me encostando suavemente contra uma árvore, e colocando seus braços na minha cintura "Para o nosso filho ter uma infância linda." ele promete me beijando rápido. Feliz e cheia de tanto amor eu não me contento com apenas um selinho, eu o puxo para mim e o beijo como quero ser beijada.

Nós nos separamos e eu lhe confesso algo que me vem preocupando há algum tempo "Eu vou ter tantas saudades da minha mãe...e de Bendita também." Danilo olha para mim com compreensão "Será que elas já sabem o que aconteceu com o Padre Luís?"

"A Madre Joana disse que a notícia se espalhou. A esta altura todos já sabem." Danilo lembra

Eu tento não ficar muito triste com a morte do Padre Luís, ele que foi quem nos apoiou, quando precisámos mais dele, e zelou por nós. Eu olho para baixo, para minha barriga, onde eu conseguia sentir nosso bebé a mexer.

"Se for menino...eu quero que se chame Luís. André Luís." eu lhe conto."Em homenagem a ele" Eu já andava pensando neste nome faz um tempo, eu sentia que esse era o nome de nossa criança. O nome do nosso filho. "O que acha?"

"E se for menina...pode-se chamar...Cristina" ele sugere

Eu sorrio espantada com a sua escolha. Cristina...meu nome, na minha vida atual. 

"Gosta?" ele pergunta curioso

"Cristina" eu repito sorrindo. Eu aceno com a cabeça "Eu gosto muito" eu admito "Cris"

Nós sorrimos feitos tontos um para o outro. Nós acabámos de dar o nome ao nosso bebé. Cada vez mais, as coisas pareciam cada vez mais reais. Isto não era um sonho mesmo. Mas como todos sabem, as coisas boas nunca duram muito tempo. 

"Aaahhh!" eu grito de dor e me agacho segurando minha barriga.

" Júlia!? Meu amor, o que se passa? Você está bem? É o bebé?" Danilo pergunta assustado

"Danilo me leva para casa" eu lhe peço " o André está vindo" 

Danilo me carrega para dentro de casa, enquanto chama pela Dona Firmina.

"Coloca ela na cama" ela fala e durante as próximas horas tudo o que eu sinto é dor, muita dor, e cansaço. Nosso filho estava demorando para nascer e eu sabia que isso não era normal, algo estava correndo mal. Sempre que podia eu tentava dormitar um pouco, o parto estava me roubando de todas as minhas energias. Durante uma forte contração, eu reparei que a Dona Firmina puxou o Danilo de parte e começou a segredar algo com ele, eu só consegui entender algumas palavras.

"...O parto de Júlia não está se desenvolvendo como deveria...alguma coisa...empatando a criança de nascer..." eu ouço falar. Eu gemo de dor. Eu sentia como se fosse morrer. "....receio que não resista...médico viesse...."

Danilo vem até meu lado aflito "Meu amor aguente firme vai dar tudo certo. O nosso filho vai nascer bem tá?" ele fala, eu aceno fracamente "Coragem, já já estou de volta, vou buscar ajuda. Por favor, coragem. Já volto."

Amor InfinitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora