Capítulo 20

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Meu desespero só aumenta e não vejo saída, fico tão apavorada que não consigo raciocinar direito então de repente os homens que lutam e pouco se importam comigo são empurrados e derrubados no chão. Com medo olho para frente e vejo Felipe parecendo um anjo vingador, mesmo com dor e assustada posso ver a raiva em seus olhos. Ele olha para baixo e vê onde se encontra minha mão e nota meu ferimento.

Abro a boca para falar nem sei o que e nada sai.

Ele se aproxima e me pega no colo, apesar de sua brutalidade me segura com suavidade sem se importar se estou ou não sujando sua roupa de sangue. Envolvo meus braços em seu pescoço e sinto-me segura em seus braços.

Felipe se vira e em meio à confusão consegue chegar até o fim do balcão de atendimento, para me proteger anda de lado, eu fico protegida entre seu corpo e a parede. Sinto uma dor insuportável na perna e aperto seu ombro em minha agonia. A briga continua e alguns gritos apavorados difundem-se com o barulho de copos e garrafas quebrando.

Finalmente, em alguns minutos que parecem horas estamos do lado de fora do bar, ele me carrega e vejo a frente sua caminhonete. Ele abre a porta do passageiro e com cuidado me põe sentada, então acende a luz interna do veículo e verifica meu ferimento.

— Está sangrando muito, melhor te levar no hospital — comenta enquanto tira a sua camisa e a rasga ficando somente com uma blusa de malha preta.

Fico sem entender o que ele pretende até que amarra uma tira da camisa em minha perna, daí me dou conta do que acabou de falar.

Olho para ele assustada, sua cabeça está baixa e percebo sua concentração no que faz. Passo a língua por meus lábios.

— Não quero ir para hospital nenhum. — Minha voz sai trêmula e sussurrante.

Eu odeio hospitais, desde quando meu irmão entrou em um e saiu de lá morto, depois o mesmo aconteceu com meu pai. E para meu desespero passei parte da minha juventude em um hospital acompanhando minha mãe. Talvez esteja exagerando, mas tenho trauma de hospitais, eles não me trazem boas recordações.

Felipe termina de amarrar minha perna e me olha com intensidade. Sua fisionomia está fechada, apenas sacode a cabeça negando e não expressa nenhuma palavra. Puxa o cinto se segurança e me prende, bate a porta e dá a volta, entra no carro e voltar a me olhar.

— Eu estou a ponto de explodir a qualquer momento devido a sua irresponsabilidade — rosna e sua voz grossa combinada com seu olhar mortal me causam arrepios. — Agora vamos sair da porra deste estacionamento antes que a polícia apareça e você me cause um problema ainda maior.

Engulo o caroço que está em minha garganta e o encaro com olhos arregalados.

— Mas...

— Por uma única vez, faça-me o favor de me ouvir ou sou capaz de usar o outro pedaço de minha camisa para amarrar na sua boca.

Estou com uma dor dos infernos e é assim que esse idiota fala comigo? Cruzo os braços e olho para frente com a cara amarrada. Devo estar parecendo uma criança birrenta.

— Estou preocupada com a Rafaela, é só isso — retruco.

Ouço quando o carro é ligado e ele sai do estacionamento.

— Sim, e ela deve estar muito preocupada com você, pois quando cheguei estava aqui fora se agarrando com um cara em cima de uma moto — expõe zangado. — Amanhã terei uma conversa com ela — acrescenta pegando a estrada principal.

Fico pensando no que posso falar e meu telefone toca em minha pequena bolsa, ao pegá-lo vejo que é Rafaela e atendo.

— Rafaela? Onde você está?

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now