Capítulo 7

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Meu trabalho na escola começa e a cada dia gosto ainda mais da vida no campo, já fiz algumas amizades e sinto-me adaptada e acolhida por todos, somente o grosso do irmão da Abigail não gosta de mim, mas não posso fazer nada, também não gosto dele.

Minha raiva está em proporções altíssimas desde o dia em que o notei no bar e o vi sair com uma mulher que se esfregava nele como gata no cio. O homem é um devasso e não sei o que essas mulheres veem nele. No mínimo deve ser carência, afinal ele não presta.

Por sorte quase não o encontro desde o dia em que nos esbarramos na varanda, porém não sei o que acontece comigo, mas todos os dias só consigo dormir depois de sua chegada na casa, todos os dias quando ouço o barulho do motor de seu carro chegando um alívio e um sentimento estranho me invade. Mal posso admitir isso para mim mesma, devo lutar contra essa emoção. Jamais poderei sentir alguma coisa por Felipe, além da raiva, é claro.

— Você parece concentrada, nem viu quando entrei.

Levo um susto ao ouvir a voz de Rafaela tão perto, do outro lado da mesa onde organizo as fichas dos alunos.

Ponho a mão no coração e olho para ela.

— Caramba mulher, quer me matar? — questiono dando uma risada.

Ela senta-se em uma das cadeiras dispostas na mesa e me observa com um sorriso maroto.

— Eu entrei na sala e você parecia a quilômetros de distância — revela e cruza os braços — Parecia estar sonhando acordada. Agora me conta, estou curiosa, estava pensando em alguém em particular? — pergunta mexendo as sobrancelhas.

Dou uma risada irônica.

— Só mesmo você para pensar isso — comento e arrumo a papelada em cima da mesa para disfarçar. — Estava apenas analisando essas fichas dos nossos alunos, para saber mais sobre cada um deles.

Olho para ela e Rafaela me analisa, seu semblante demonstra não acreditar em mim.

— Mel, eu entrei e fiquei te olhando por um tempo. Você estava com esses papéis nas mãos com os olhos desfocados.

Eu balanço a cabeça e pego novamente aquela papelada, fico sem saber como agir.

— Engano seu — minto.

— Tudo bem, se não quer falar vou deixar passar. Mas você não me engana, só me pergunto se essa pessoa é daqui ou do Rio de Janeiro, alguém que você deixou — diz pensativa e se levanta de repente. — Vim te chamar para almoçar, Abigail nos aguarda.

Antes que ela volte a falar sobre meus pensamentos levanto-me e volto a pôr os papéis na pasta para pegar minha bolsa.

— Vamos, estou faminta mesma — comento caminhando até a porta.

Almoçamos no pequeno restaurante de sempre que fica na mesma rua da escola, Abigail está contando as últimas aventuras de seu filho mais novo quando um homem para em nossa mesa, olho para cima e o reconheço, apenas não lembro seu nome, mas sei que trabalha na estância, se não me engano é o administrador que trabalha com Felipe.

— Boa tarde, senhoras! — saúda com um sorriso charmoso.

— Olá Roberto, tudo bem? — Abigail o cumprimenta e assim lembro seu nome.

— Sim, tudo ótimo, precisei vir à cidade para resolver alguns assuntos no banco, então ao passar pela calçada vi três moças bonitas e não podia perder a oportunidade de cumprimentá-las — alegou com olhos cravados em mim. Até que ele é bem bonito.

Nós três rimos com seu comentário.

— Acho que você não está aqui para falar comigo, ou Abigail — comenta Rafaela rindo.

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now