- Estou confuso.
- Com aquela noite?
- Sim. Não lembro de nada depois que segurei sua mão.
- Apaguei sua memoria pra você não lembrar - ele faz uma pausa - Sofremos muito naquela noite
- Sofremos? - me aproximo dele.
Ele se levanta e tira a camisa. Seu corpo está cheio de marcas. Cicatriz está espalhada por seu peito, barriga, pescoço.
- O que aconteceu? - pergunto pra ele.
Seus olhos estão em lagrimas. Sinto uma pena dele. Mesmo sem saber o que aconteceu. Mesmo sem saber quem ele é. Sem saber o que ele é. Sinto confiança nele. Me sinto seguro.
- É melhor você se deitar. Seu primo está vindo.
- André?
- Ele não pode me ver - ele se dirige até a porta - deite ai e seja o que for que ele vai perguntar você não lembra de nada. E ele não sabe sobre aquela noite.
Deito na cama. Ligo a tv. A porta se abre. Os olhos por trás daqueles óculos escuros, devem estar escondendo, a noite de drogado que ele teve.
- Posso entrar? - ele pergunta
- Se você tirar o óculos. - Sorrindo
- To com conjutivite. - Ele zomba e entra fechando a porta em seguida.
- O que foi?
- Sua mãe me ligou. Mandou eu olhar você e a Camille que não responde as ligações.
- E onde ela está? - pergunto
- Não sei. Acho que tá no quarto. - Ele faz uma pausa e sorri - vi o carro do Pedro ai na frente. Não queira incomodar eles dois.
- Minha irmã tá no quarto com o Pedro?
Me leevanto da cama. Abro a porta do quarto e vou até o final do corredor. A porta do quarto de Camille está fechada. O cheiro de maconha entrega o que ela está fazendo.
- Camille vou conta até 3 pra você abrir essa porta e esse moleque sair dessa casa. - Não ouço nada. - 1... - nenhum sinal deles - 2... eu vou abrir essa porta - André se afasta e vai para a ponta da escada - 3...
O silêncio era enorme. Olho pra trás e vejo Ralph parado a frente de André balaçando a cabeça negativamente. André aparenta estar assustado.
- Camille eu vou abrir - André continua olhando pra minha cara.
Então algo acontece. Atrás de André aparece uma fumaça. Escura. O corredor agora não cheira mais maconha. Está tudo fedendo. De dentro da fumaça, aparece uma mão.
- Henry você está bem? - Ralph olha pra André
- Primo? O que foi? - ele está suando
A mão toca na parede. Misteriosamente algo começa a surgir na parede. Crostas. Lama. Uma gosma preta e fedida. O chão começa a se rachar. O meio do corredor agora está se formando um buraco.
- Henry o que foi? - André se dirige a mim indo proximo do buraco. Três passos pra frente e ele cai no buraco escuro.
- Não se aproxima. Fique ai.
- Mas você não está bem!
- Eu mandei você ficar longe de mim. - Grito.
André se afasta assustado. Ele tira o óculos.
- Camille! Camille! Me ajuda aqui! - ele começa a gritar por ajuda.
Meus olhos se desviam de André. Procuro por Ralph. Não o vejo mais. Olho pra sombra. Ela está ali. A mão desapareceu. Procuro pelas paredes. Então olho no buraco.
Os olhos eram negros e transmitiam medo. Seu cabelo cumprido negro e umigo. Seus dentes eram afiados. Seus dedos eram curtos e suas unhas eram sujas e grandes. Era uma mulher. Fedor de podre. Ela saia do buraco e vinha em minha direção.
- Me ajuda André - sento no chão e fecho meus olhos - André?
- Henry! Voltei! - o cheiro de seu mal hálito me dá enjoô. Seu hálito é quente.
Abro os olhos e a mulher está frente a frente comigo.
- O que você quer? - grito
Henry! Henry! Henry!
Sua mão toca meu ombro.
- Henry acorda - sinto um tapa na bochecha e abro os olhos.
Camille André e Pedro estão de pé parados olhando pra mim.
- Deve ser efeito dos remédios - Camille olha pra André - Ou você tá drogando ele.
- O que aconteceu? - pergunto me levantando
- Você surtou! Tentei te ajudar a abrir a porta. - André olhou pra trás - você ficou olhando pra escada. Depois olhou pro chão e começou a chorar.
- Eu ouvi o André gritar feito louco e abri a porta. - Camille explicou - você tava chorando e gemendo de dor - ele sorri - estava perdendo a virgindade? - zomba
Passo por eles e vou até meu quarto. Tranco a porta. André e Camille batem na porta. Não dou importancia. Estou olhando pra outro lugar. A janela. Ele está ali parado. Ralph.
- O que está acontecendo comigo? - pergunto a ele
- Você não quer ouvir a verdade. - ele vira
- Estou ficando louco?
- Não. Aquilo que você acabou de ver. É a realidade que os humanos não enxergam. Aquilo que você viu era um demônio do cemitério. - Ele para e vira pra janela. - Você precisa tirar ela dali do portão senão ela entra aqui de novo e mata todos.
Corro até a janela e vejo a mulher. A mesma que saiu do buraco no corredor. A mesma que chamou por meu nome. Uma demônio de cemitério. Ela está parada. Seus olhos estão fixos em mim.
- E você? - olho pra ele - o que você é?
André e Camille gritam por socorro.
- Seu anjo da guarda.
CAPÍTULO 2 * TUDO CONFUSO
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