- Senhorita Antonella? – Escuto a voz de Hernanez atrás da porta, permito sua entrada – Está pronta?

- Sim.

- Por que sai tão cedo? – Christovan chama nossa atenção, reviro os olhos.

- Não é porque você não faz nada o dia todo que eu tenho que não fazer também – Digo e observo a boca aberta de Hernanez, droga.

- Seu pai está te procurando, senhor – Hernanez diz e sai do quarto, o olhar de Christovan em cima de mim é mortífero.

- Então ta bom, tenha um ótimo dia.

A viagem foi divertida, por causa do rádio ligado, mas Hernanez continua mudo, ele é tão quieto que me irrita as vezes, afinal posso ser bem sociável, em alguns momentos. O estacionamento como sempre está lotado, mas isso não é mais um problema para mim, despeço-me de Hernanez e aviso o horário que termino por aqui. Ele foi educado se despedindo, mas ainda com poucas palavras.

Nunca fui muito de conversar com todos daqui, afinal tudo é bem mais dividido, diferente do ensino médio. Saudades de quando eu conhecia e falava com todos durante o ensino médio, na faculdade é tudo muito individual, não reclamo tanto, porque até gosto, mas é diferente demais. 

Lembro que isso me rendeu problemas quando cheguei, por causa dos famosos trotes, se não fosse por Lorena, não quero nem imaginar o que teria acontecido comigo. A linha de raciocínio desaparece ao bater em alguém, um alguém mais alto que eu e bem mais forte. Nataniel.

- Cuidado, princesa – Ele diz segurando-me e pegando minha bolsa do chão, o que deu nele?

- Obrigada – Passo por ele e sigo em frente, mas sou impedida pelo seu puxão em meu braço – O que foi, Nataniel?

- É verdade que vai casar com Christovan Cambonelli? – Seus amigos esperam ansiosos pela resposta e percebo os olhares de algumas pessoas que estão passando por aqui.

- Isso não é da sua conta – Tento tirar sua mão de mim, mas ele só aperta mais.

- E isso não é resposta, já te falei – Recordo de meu primeiro ano aqui, não quero recordar.

- Senhorita Antonella, temos algum problema aqui? – Hernanez aparece do meu lado, do nada, encaro-o assustada.

Hernanez encara o braço de Nataniel me segurando com força e encara os olhos escuros do menino que aterrorizou o meu primeiro ano na faculdade. O pedido é silencioso, mas Nataniel se recusa a atender, o ato foi rápido, com apenas um soco estratégico, o garoto está no chão e sou levada por Hernanez até a minha sala, como ele sabe onde é minha sala? Acho que subestimei demais tudo isso.


- Então, é verdade? – Luí e Lorena perguntam ao mesmo tempo, assim que sento junto a eles.

- O que é verdade?

- Seu segurança deu uma surra no Nataniel? – Lorena pergunta, seu sorriso é contagiante, ela sabe o quanto aquele garoto me fez mal, ela sabe muito bem.

- Foi só um soco – Digo e começo a comer.

- Uma pena, deveria ter dado uma surra nele, aquele imbecil se acha demais.

- Agora está famosa – Luí diz olhando em volta, faço o mesmo e percebo vários olhares em nossa direção, droga, não era bem isso que eu queria.

- Droga – Digo em voz alta, sem querer, os dois me encaram esperando por mais – Eu só queria que nada mudasse por aqui, que eu continuasse invisível.

- Amiga, você vai casar com o solteiro mais cobiçado da Itália, futuro dono de uma das empresas mais ricas e famosas do mundo, como você queria ser invisível desse jeito? Simplesmente, não dá.

- Nunca pensei por esse lado – Digo terminando meu suco, me despeço deles e vou mais cedo para a sala de aula, preciso desenhar.



- Hernanez, obrigada por mais cedo, mas não acha que exagerou? – Pergunto receosa.

- Eu recebi ordens claras, ninguém toca na senhorita daquele jeito e sai impune.

- Ordens de quem mesmo?

- Christovan Cambonelli, seu noivo, futuro marido, conhece? – E ele tem senso de humor desde quando?

- Vagamente – Respondo com um sorriso simples, pego meu celular e num suspiro melancólico faço o pedido – Me leva pra minha casa, por favor.

- Seus pais estão viajando, senhorita – Observo seu olhar pelo retrovisor, ele está com pena de mim, afinal ele está testemunhando todas as minhas falhas em tentar falar com meus pais.

- Para onde?

- Grécia, estão indo atrás do seu irmão – A informação nova coloca uma pulga atrás da minha orelha, seria ótimo ter meu irmão de volta, mas nunca pensei que eles iriam atrás dele.

- Entendi, obrigada.

- Ainda quer ir até sua casa?

- Não, tudo bem, obrigada.


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A máfiaWhere stories live. Discover now