Estratégias

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Gabriella Di Grecco

Desde que o desafio fora lançado, meus pensamentos estavam a mil. Eu gostaria de dizer que não estou tão preocupada quanto o restante do pessoal, já que não participarei completamente do desafio assim como Rhener, porém o peso da responsabilidade bate em minha porta. Se não fizermos a escolha certa ou dermos um passo em falso, colocamos em risco a relação de todos.

Dei um suspiro de frustração ao pensar nisso mais uma vez. Talvez eu estivesse me preocupando demais, só talvez, ou então fosse um pressentimento de que algo realmente ruim fosse acontecer. Se bem que... Tem algum jeito de tudo ficar bem com um desafio desses? Eu devia pensar antes de entrar de cabeça em algo.

Tive meus pensamentos interrompidos ao escutar a campainha de meu apartamento tocar.

-Já vou!

Me levantei da cadeira giratória e saí de meu quarto, indo até a sala em busca das chaves. Não foi difícil encontrá-las, estavam jogadas sobre o vidro da mesa de centro. Peguei-as e, sem olhar pelo olho mágico, destranquei a porta.

Franzi a testa ao ver quem estava na frente de minha porta por volta das dez da manhã.

-O que você 'tá fazendo aqui tão cedo? - perguntei para Rhener, cruzando os meus braços.

-Vim conversar, mas acho melhor fazermos isso depois de se trocar.

Olhei para minha própria roupa e percebi que eu usava apenas uma camisola branca. Sinalizei com o dedo para que ele entrasse enquanto eu caminhava até meu quarto novamente. Se essa cena acontecesse alguns anos atrás, meu rosto certamente adotaria alguns tons rubros, mas com o passar do tempo, eu e o outro brasileiro viramos amigos bem íntimos, como irmãos.

Assim que entrei naquele cômodo, deixei as chaves sobre a escrivaninha nova que eu havia comprado para que eu não precisasse levar o notebook à mesa. Abri uma das portas do armário de meu quarto e busquei com o olhar por uma roupa melhor. Acabei optando por uma calça legging branca de tecido fino, bom para o calor de verão, e uma blusinha negra , soltinha, contendo um "(dis)like" escrito em um letreiro esbranquiçado e centralizado. Apenas não troquei o par de chinelos acinzentados.

Feito isso, dobrei a camisola e a guardei no lugar certo, fechando a porta do armário e me dirigindo novamente para a sala, dando de cara com o ser humano xeretando alguns discos de músicas que eu guardava dentro da gaveta do suporte da TV.

-Se está planejando roubar um de meus bebês, aconselho a ir na loja onde eu os comprei, pois daqui de dentro, você não sai com nenhum.

Ele soltou o CD, deixando-o cair na gaveta, e levantou a mãos em rendição.

-Fui descoberto - um sorriso contagioso brincou em seus lábios. Ri com isso e me sentei no pequeno sofá de couro que havia ali.

-Se eu não deixava nem minha mãe pegar um deles, nem mesmo você terá esse privilégio.

-E isso é uma pena. Sabe quanto tempo eu poderia ter usado apenas ouvindo um desses?

-Sim, eu sei porque eu já fiz isso.

Ao final, um sorriso triunfante ganhou o seu lugar em meu rosto enquanto Rhener me encarava tediosamente. Havia ganhado nessa pequena discussão.

O Desafio dos 30 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora