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Ouvi o telefone vibrar na cama e mirei meu reflexo vestido de xadrez, respirei fundo enquanto alisava minha roupa que já estava perfeitamente arrumada.

-Você não precisa correr para olhar se é aquele babaca Park Kyung! 

Ralhei comigo mesmo, afinal meu gato já sabe o quanto sou desequilibrado na segurança do meu lar. A verdade é que toda minha insensatez tinha se tornado um vulcão em erupção na última semana desde que o idiota, porém gostoso, do Ji-ho ou ZICO para os nada íntimos e como ele mesmo gostava de se chamar havia apalpado e beijado todas as partes desse corpinho lindo que eu via refletido no espelho.

Imagine ser apaixonado pelo seu melhor amigo desde que o mundo é mundo e quando ele finalmente mostra que aquela boca serve pra algo além de fazer rap o desgraçado decide sumir. Eu sabia que ele era covarde, mas canalha foi uma novidade para mim. 

Debati durante os sete dias que se passaram todo o tipo de teoria com o Sr. Bigodes, será que ele realmente acredita que vou colocar uma coleira naquele pescoço cheiroso? Fiz um bico com os lábios. Bem que eu gostaria.

Chacoalhei a cabeça. Kyung, concentra! 

É claro que eu não iria agir como um garoto idiota, eu sei que uns amassos não significam nada, mas a idéia dele se afastar de mim por pensar que eu sou um psicopata do amor, não só me ofende como me magoa um pouco. 

Se eu pudesse escolher é claro que preferiria meu melhor amigo perto de mim mesmo que minhas mãos não pudessem apalpar aquela carne firme das pernas, ou a bunda durinha… 

A porra do bico de novo! 

Suspirei derrotado. 

Antes eu até poderia viver com a minha imaginação, mas agora o fato é que eu teria que conviver com as lembranças do gosto que eu sabia que o amor da minha vida tinha, com o calor entre nossos corpos e eu ia dormir com o barulho da voz dele dizendo que me amava. 

E era esse barulho tão bonito que causou o rombo no meu coração. 

Que tipo de pessoa diz que te ama e depois te evita durante uma semana inteira? 

Caminhei até a cama sem conseguir controlar os meus batimentos cardíacos, mas eu já havia me conformado com a minha incrível falta de amor próprio. Apertei sobre o aplicativo de mensagens. 

Ótimo.

Revirei meus olhos para mais um vídeo dos cachorros do Yukwon comendo cenoura. Bloqueei a tela afim de ver a imagem que eu guardava com ternura, uma foto nossa que sempre esteve ali, com ele apertando minha bochecha, escorreguei os olhos até a hora e sai tropeçando nos meus próprios pés. 

Eu até poderia ser sem amor, mas não ia correr o risco de ser sem teto também.

Sorri como uma hiena durante o percurso, porque se existia uma vantagem em ser radialista era que eu podia largar as indiretas que eu bem entendesse ao vivo só para descargo de consciência. E era exatamente isso que eu faria. 

Alo?! Correio do Coração! Where stories live. Discover now