"Isso é besteira"

── Sabe o que é besteira? ── aumentou o tom de voz. ── Você me ligar para dizer que meus últimos desejos são besteiras.

"Você assistiu muito A culpa é das estrelas, Hoseok. Nem sabe se vai morrer. ── Seokjin gritou de volta, fazendo uma raiva tomar conta do peito do mais novo.

── Eu sei sim! ── gritou, e pensou em Kim. ── Porque há uma semana, a morte apareceu para mim, seu idiota babaca, seu boboca dos infernos. Você se acha bonito? Você é feio, seu horroroso de merda. Eu te odeio, quando eu morrer, vocês vão sentir minha falta. E A CULPA É DAS ESTRELAS É UM FILME BOM.

E a ligação foi encerrada.

Um som agudo escapou da boca de Hoseok, fazendo lagrimas ficarem presas em seus olhos. Não ia chorar por quem não merecia, mas... Se chorasse um pouco por si mesmo não fizesse mal. Seu peito subia e descia rapidamente com a falta de ar ao agir infantilmente com seu falso amigo. Tudo estava desmoronando. Aos poucos.

Depois de respirar fundo e conseguir fechar a torneira dentro dos seus olhos, levantou-se indo em direção ao banheiro. Na tela desbloqueada do celular marcava 5:48 da tarde, não podia acreditar que havia dormido tanto assim, estava tão acostumado a acordar cedo para o trabalho. Agora sua rotina consistia em dormir, acordar, comer e retornar a dormir.

Fez sua higiene matinal e adentrou na banheira de água quente. Fechou os olhos e gradualmente foi se lembrando do sonho que havia tido. Nos últimos meses esses sonhos haviam sido comuns.

── Kim Tae... ── fechou os olhos, tentando ao menos se lembrar de algo. Tinha tantas perguntas para si mesmo. ── Seja quem for você, me desculpe por esquecê-lo. ── falou com a voz tremida.

Seu maior medo era ser esquecido. Talvez se não tivesse assistido tanto ao mesmo filme não compartilharia esse medo com o protagonista. Não era um grande super-herói, mas havia estudado tanto para ajudar outras pessoas, e havia conseguido... Agora ia morrer. Sozinho, sem um legado para deixar para trás. Sendo uma mera pessoa como todas as outras. Sem filhos. Sem marido. Sem esposa. Depois de um ou dois anos, ninguém mais se lembraria do psicólogo que tomava muito café para se manter acordado, que andava pelos corredores com um imenso sorriso no rosto. Hoseok seria esquecido.

Como, provavelmente, havia se esquecido de alguém de sua vida. Sentia que havia alguém, talvez do outro lado do mundo, que se importasse com ele tão grandemente que jamais se esqueceria de si. Talvez houvesse alguém preso em uma vida não pertencente a si que havia o amado tanto que apesar do medo de compromissos havia aceitado a segunda chave da casa, aquela que ficava sempre embaixo da planta falsa na varanda.

Com os olhos fechados, ele quase que podia ouvir a voz chamando por seu nome, quase que podia sentir sua pele sendo tocada com calma e amor.

── Kim Tae... ── tentou continuar, mas nada vinha a sua cabeça. Um muro se levantava em sua frente e ele não conseguia ultrapassar para alcançar o seu amor. Talvez nem houvesse outra pessoa do outro lado.

Uma gota da torneira caiu no restante da água ao mesmo tempo em que uma lágrima escorreu pelas bochechas ruborizadas do menino solitário.

── O silêncio não existe. ── repetiu fechando os olhos e apoiando a cabeça para trás, tentou buscar algo, alguma pista, alguma dica sobre aquele garoto esquecido, mas tudo que se lembrava daquele sonho era metade de um nome, a teoria do silêncio e das luzes fortes que pertenciam ao seu consultório.

Isso, que pertenciam ao seu consultório.

── Ele era algum paciente meu? ── perguntou para si. Era engraçado, porque Jung Hoseok sabia que era errado se apaixonar por um paciente.

vermelho e azul || vhope || Livro 01.Where stories live. Discover now