10. Sangue

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Tudo acontece muito rápido o gelo ao redor de Jammes começa a trincar, ele e eu eu nos afastamos um do outro, me deito como ele pede para fazer, assim o peso se espalha e o risco de rachar completamente é menor. Me arrasto o mais rápido que posso ainda olhando vez ou outra ao redor.

Ainda estou com medo...

Chegamos a margem em segurança, nos colocamos de pé e outro Jacob bonitinho sai de não sei onde pulando em cima do homem. No susto e quase que por impulso eu atiro três vezes no animal e Jammes também o acerta logo depois.

O lobo consegue atingir Jammes que pisa em falso e torce o pé, caindo e rasgando o braço em algo que não consigo ver.

_Caralho! - grito ao ver o sangue verter por seu braço. - Você está bem? - Olho em volta a procura de mais uma pelúcia do mal. - Isso parece ter sido fundo...

_Eu estou bem... - ele diz enquanto seus olhos me examinam. - Você está bem? Parece tensa. - o babaca pergunta com uma risadinha.

_ Otário! - xingo.

_Gostosa! - ele retruca.

Meus olhos encontram os dele, quase não posso acreditar no que vejo. Ele está com os olhos cheios de desejo! Ele com certeza tem com algum problema mental muito sério. Como alguém com o braço cortado, sangrando, com fome, quase ter virado comida consegue pensar em sexo? Ele é louco, eu sei que é, absoluta certeza.

_Você é louco... - murmuro de mal humor enquanto caminho de volta para o nosso abrigo de gelo.

Ele dá uma gargalhada e caminha atrás de mim.

_Salvou minha vida, obrigado.

Paro e olho para trás, Jammes está sério e parece ter perdido o olhar de desejo, não fiquei reparando, se ficasse era provável que também tivesse vontade de participar dessa insanidade.

_Não por isso. - respondo simplesmente antes de voltar a caminhar.

A nossa fogueira se resumia a brasas, por isso fui em busca de mais lenha, o bonitão do gelo veio atrás de mim, o tempo todo em silêncio, uma áurea estranha entre nós. Eu sabia que o corte no braço dele deveria estar doendo, tinha certeza disso.

Minha intenção era aquecer mais água limpar o local e fazer um curativo com alguma coisa que tivéssemos. Eu queria poder cuidar direto dele, senti que algo dentro de mim mudou com relação a ele. Se isso era bom ou ruim só o tempo poderia dizer.

_Vamos precisar de mais gasolina... - ele diz assim que começo tentar criar uma fogueira. Jammes molha um pedaço de tronco e o traz até mim. - O fogo foi com certeza uma das maiores descobertas do homem. - porque ele está tentando puxar conversa? Não quero conversar!!!

Coloco bastante gelo no projeto de panela que temos e fico ali olhando o gelo derreter e a água aquecer.

_Vem.. - eu o chamo para dentro da casinha de gelo. Sem questionar ele me segue. - Tire o casaco e a blusa.

_Posso tirar sua roupa também??? - ele ri.

_Tira rápido! - depois de uma risadinha ele tira. Rasgo um pedaço de um dos tecidos que usamos como cobertor para dormir e molho na vasilha com a água que já está morna. Limpo o ferimento e percebo que não está tão fundo quanto parecia.

A água logo atinge um tom avermelhado. Termino de limpar todo o braço dele, faço um curativo com o que temos, não ficou perfeito só o satisfatório para aquela situação. Ergo meus olhos para os dele, antes que pudesse pensar ele beija.

Não foi qualquer beijo, foi um beijo cheio de qualquer coisa e eu não consegui entender, ou não quis. Jammes beijou o meu corpo como o espaço entre nos permitiu. Não foi sexo como ele costumava fazer, ele não disse as palavras sujas de sempre...

Se eu achava bom o jeito de antes... O que ele fez foi muito melhor, eu nunca imaginei que um orgasmo pudesse durar tanto! Quando Jammes alcançou a sua tão merecida satisfação meu coração se apertou em confusão.

Ele não saiu de mim, ou se virou, não disse nenhuma putaria relacionada ao que fizemos. Ele escondeu o rosto no vão do meu pescoço durante tempo de mais, depois beijou ali e se deitou me levando em seus braços.

_O que foi isso? - perguntei ainda sentindo meu corpo tremer.

_Eu não sei... - respondeu olhando nos meus olhos. - Foi muito bom! Bom de mais. - e me beijou daquele jeito de novo.

Franzi minhas sobrancelhas me sentindo mais confusa ainda. Eu teria perguntado o porque de ele estar diferente, fui interrompida pelo barulho do lado fora. Coloquei a mão na minha arma ciente que não tinha muitas balas, talvez duas se tivesse sorte.

_Merda! - ele diz baixinho ao puxar o pente de sua arma.


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Paixão abaixo de zero (Degustação) Donde viven las historias. Descúbrelo ahora