- Meu pai é um traficante bem conhecido, ele acabou levando o meu irmão para esse caminho também. - Dava para notar uma pontada de raiva e desgosto na sua voz. - Eu quase entrei nisso também.

- S-sério? - Amanda estava surpresa com a história de Thiago.

- Sim. Mas eu acabei me isolando quando minha mãe morreu, isso impediu um pouco que meu pai fizesse comigo o que fez com o meu irmão. - Thiago havia voltado a olhar para o céu. - Eu não saía de casa, meu pai vivia falando para eu sair e me divertir com garotas, como o meu irmão fazia. Mas eu sempre o ignorava, até o dia em que ele descobriu que Amitale, uma escola cheia de garotas, havia começado a aceitar garotos. Ele me mandou para cá achando que aqui eu ia me "divertir" com as garotas. - Ele falou a última frase com nojo estampado no rosto.

- Caramba. - Amanda estava surpresa com a história de Thiago. - Eu sem- - Ela foi interrompida pela mão de Thiago em sua boca.

- Vem. - Ele sussurrou e pegou Amanda pelo braço.

Os dois levantaram e Thiago puxou Amanda para detrás de um grande arbusto.

- O que houve? - Amanda perguntou.

- Alí. - Thiago apontou para duas pessoas que estavam andando de mãos dadas pelo pátio não muito longe dos dois.

Amanda logo reconheceu quem era. Júlia e Lawrence. Os dois passaram pelo arbusto onde ela e Thiago estavam, os dois andaram mais alguns metros e logo começaram a se beijar, Amanda olhava aquela cena com surpresa.

- O que está acontecendo aqui?! - Ouviu se um grito, era a diretora Handler, Lawrence e Júlia pararam imediatamente.

Thiago passou seus braços pelos de Amanda e se agachou, a garota foi obrigada a fazer o mesmo.

- Não se mexa. - Ele sussurrou, estava perto demais, aquilo deixo Amanda nervosa.

A garota só conseguia ouvir a diretora falando sobre o toque de recolher e que os alunos não deveriam ficar se beijando por aí. Depois de um tempo, ouviu se passos e o silêncio estava de volta. Thiago tentava olhar através do arbusto, ele ainda estava com os braços ao redor dos de Amanda. Com a atenção de Thiago voltada para o que estava acontecendo através do arbusto, Amanda conseguiu observar o rosto do garoto. Os olhos verdes se destacavam na pele parda e contrastavam com os cabelos negros. Ele tinha um cheiro bom de shampoo.

- Acho que não tem mais ninguém ali. - Ele se virou para Amanda, ela ainda o encarava. - O que foi?

- Ah... Nada não... - Ela desviou o olhar, seu rosto estava vermelho.

- Vamos voltar lá pra grama ou você quer ir para dentro?

- Eu ainda não estou com sono...

Os dois levantaram e voltaram para o lugar onde estavam.
Eles se deitaram e voltaram a observar o céu, agora em silêncio.

Estava começando a ficar frio, Thiago se surpreendeu quando Amanda chegou mais perto dele e agarrou seu braço. Nenhum dos dois falou algo, apenas ficaram em um silêncio confortável. Thiago conseguia sentir o calor do corpo da garota, aquilo era bom.

Logo começou a ficar mais frio. Se eles continuassem alí poderiam pegar uma gripe.

- Eu acho que deveríamos entrar. - Thiago falou mas não teve resposta. - Ei.

Thiago olhou para Amanda agarrada no seu braço, ela havia dormido, o garoto se sentiu estranho, aquela cena parecia ter saído de um filme adolescente clichê. Ele olhava para a garota deitada na grama do seu lado, ela estava com os cabelos espalhados na grama, dormia tranquila. Thiago não queria acordar ela, mas sabia que não iria conseguir levá-la nos braços.

- Ei. Amanda. - Ele a chacoalhou levemente tendo como resposta um resmungo. - Você vai ficar doente se continuar nesse frio.

O garoto tentou novamente, sem sucesso. Foi aí que ele decidiu jogar sujo. Thiago começou a fazer cócegas na garota, logo ela acordou rindo.

- Onde eu tô? - Ela falou em meio aos risos.

- Desculpa por isso, é que você não acordava de jeito nenhum. - Thiago falou passando a mão nos cabelos.

- Tudo bem, eu tenho um sono pesado mesmo. - Ela falou parando de rir.

- Nós precisamos ir, está ficando muito frio. - Thiago falou se levantando e estendendo a mão para a garota.

- É mesmo... - Ela pegou na mão e se levantou também.

Os dois desceram até a calçada do pátio e entraram silenciosamente no prédio dos dormitórios.

- Acho que é aqui que nos separamos. Deveríamos sair mais vezes. - Amanda riu.

- Talvez... Até mais. - Thiago falou e os dois foram em direções opostas.

Amanda andou rapidamente até seu quarto, quando entrou não encontrou July, a garota devia estar na enfermaria, ela deve ter ficado muito tempo exposta no sol, isso fazia mal para uma pessoa com a pele como a dela.

Amanda entrou e foi direto para sua cama, ela se deitou e um sorriso bobo escapou quando as lembranças daquela noite vieram a tona. Logo ela dormiu e pensou que ficaria em paz, mas não foi isso que aconteceu.

Amanda acordou no meio da noite, ela sentia um peso em cima da cama e seu braço machucado doía.

Quando abriu os olhos, um grito escapou da sua garganta, tinha alguém alí, era uma pessoa que estava em cima dela e a segurava pelos pulsos. Estava completamente escuro, ela não conseguia ver o rosto da pessoa.

- Q-quem é você?! - Dava para notar o pavor em sua voz.

A pessoa não respondeu, deu apenas para ouvir um riso. Amanda estava apavorada.

- Se você não me responder, eu vou começar a gritar.

A pessoa continuou calada, Amanda sentia que ele a encarava. A garota queria reconhecer quem era, mas ela não conseguia. Essa pessoa tinha um cheiro familiar, o riso também era familiar, mas ela não conseguia descobrir quem era.

- Fala logo quem é você! - Só ouve silêncio. - Você não vai falar nada?

Silêncio novamente, Amanda sentia a respiração dele perto, mesmo assim não conseguia ver o rosto.

Ela já estava muito apavorada, então decidiu finalmente começar a gritar, ela precisava de ajuda.

Amanda começou a gritar por socorro, mas logo foi calada, ela sentiu algo quente em seus lábios, seja lá quem fosse a pessoa, ela estava a beijando, Amanda entrou em pânico, começou a se debater mas isso não fez a pessoa separar os seus lábios, muito pelo contrário, ele segurou Amanda pela nuca e fez ela se sentar na cama, um dos pulsos ainda estava preso, e o que havia sido solto, estava com o braço machucado e dolorido.

A garota já estava ficando sem fôlego quando os dois se separaram, ela ia começar a gritar, porém sentiu um pano molhado em seu nariz, logo ficou desmaiada.

- Boa noite. - A pessoa falou soltando a garota desacordada em cima do travesseiro.

Stalker [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now