Capítulo 16: Pai VS Tutor

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- Você outra vez? O que veio fazer aqui? – exigiu, impaciente, saber do homem a sua frente.

- Boa noite também, Senhor Diretor, não me convida a entrar? Temos muitas coisas para conversar – Evandro respondeu, com ar de deboche.

- Não temos mais nada a falar, tudo o que eu tinha a dizer já disse – ele falou de cabeça baixa, fechando a porta. O Tutor de Raúl pôs o pé na frente da porta antes que ela se fechasse.

- Se engana muito, estou aqui para falar do meu filho e do seu – ele disse olhando bem nos olhos de Walter, que se arregalaram sutilmente.

- Não sei do que está falando, por favor vá embora ou vou chamar a polícia – ameaçou Walter.

- Não me vem com essa Walter! Eu sei que aquele garoto junto ao Raúl é seu filho, um de seus alunos me contou a verdade. Por quê você esconde isso?

Vendo que não haveria jeito, Walter deixou Evandro entrar.

- Aceita um café, um chá, ou uma coisa mais forte? – ofereceu o anfitrião.

- Tem vinho? – perguntou Evandro.

- Sim, está lá na adega. Um momento, irei buscar. Fique à vontade.

Walter saiu da sala e foi para o porão, onde ficava a adega. Evandro ficou sozinho na sala iluminada pelas chamas da lareira infernal. Aproveitando a ausência do dono da casa, o Tutor começou a passear pela sala, admirando os detalhes.

Era tudo de muito bom gosto, tanto as cores como a decoração. Havia quadros espalhados pela sala. Uns em pé, esses mostravam Walter e uma mulher muito bonita, alguns tbm mostravam um bebê, mas outros estavam deitados de cara para baixo, com o vidro quebrado. Esses mostravam apenas um garoto, que Evandro tinha certeza ser o garoto que estava ao lado do Raúl naquela foto. A todo momento ele sentia um ar pesado. A baixa iluminação, o fogo da lareira, o silêncio ensurdecedor e os quadros quebrados conferiam uma atmosfera negativa, triste, quase amedrontadora.

“O que será que esse cara está escondendo?”, pensou ele, ao fitar a foto da família, bem na sua frente.

Então ele teve um mini enfarto quando Walter saiu das sombras, com uma garrafa de vinho e duas taças. Eles sentaram em frente a lareira ardente.

Apesar de não ser chegado a beber, Evandro aceitou. Ele viu que aquela conversa seria difícil e que o vinho ajudaria Walter a ser verdadeiro com ele.

- Bem, para começar, eu preciso falar com o seu filho, ver se ele sabe algo sobre o paradeiro do meu pupilo.

- Aquele menino não é meu filho. Quantas vezes tenho que te falar isso? – Walter estava se esforçando para ficar o mais calmo possível.

- E quantas vezes eu tenho que falar que eu não caio nessa. Por quê esconde isso de todos? Esbarrei com um de seus alunos no corredor, ele conhece o seu filho e me disse a verdade. – rebateu Evandro

Dessa vez, o diretor não tinha como fugir.

- Okay, você venceu! Ele é meu filho! – anunciou.

- Muito bem, estamos progredindo - disse Evandro, enquanto enchia outra taça de vinho para os dois – Como deu para ver, ele não está em casa, e o senhor também não sabe onde ele está, até duvido que se importe, o que só confirma a minha teoria.

- E qual seria, espertalhão? – perguntou Walter, virando a taça toda na boca, depois fazendo uma careta

- Raúl e seu filho fugiram juntos – disse o Tutor, olhando bem no fundo dos olhos vazios do diretor.

O Garoto da TorreWhere stories live. Discover now