Os dias após o enterro de Seth foram difíceis. Precisei dividir meus dias entre ficar com Bendyk, Jonathan ou Maxwell. Os três estavam arrasados, então eu os obrigava a comer quando não tinham fome, assistia filmes que os deixavam menos tristes e oferecia meu ombro para que pudessem chorar.
A única coisa boa que aconteceu nesses dias foi que Julie conseguiu conversar novamente com Ryan. Ele estava bem e explicou que a base teve alguns imprevistos, por isso não conseguiu manter contato. Todavia, prometeu para minha melhor amiga que tudo melhoraria a partir daquele ponto da guerra.
Hoje fazia uma semana da morte de Seth. Julie, Max e eu estávamos juntos assistindo ao noticiário local. Os dados da perícia sobre a causa do incêndio no domo finalmente foram divulgados: um curto circuito.
- Não acredito que algo assim custou a vida de Seth. – os olhos de Max encheram de lágrimas. – Por que justo ele quando existem tantas pessoas ruins no mundo?
Não falei nada.
- Por que essas coisas acontecem? – o tom de Max se tornava mais raivoso a cada palavra. – É injusto!
Ele levantou e começou a andar de um lado para o outro.
- O que ele fez para merecer isso? – Max praticamente gritava.
De repente, ele virou para a parede e começou a desferir socos nela. Troquei um olhar assustado com Julie. Como as coisas saíram do controle tão rápido?
- Max! – Julie pediu. – Pare!
Ele a ignorou e continuou gritando sobre como o fim de Seth não foi justo. Decidimos segurá-lo antes que quebrasse a mão ou abrisse um buraco na parede. Por sorte, meus pais não estavam em casa e não presenciaram aquilo. Minha mãe não gostaria de ver o garoto batendo na sala recém decorada dela, independente de qual fosse o motivo.
Max soltou um soluço e caiu de joelhos. Seus olhos estavam arregalados e cheios de lágrimas.
- Sabemos que é injusto. – Julie se abaixou e segurou o rosto dele com as mãos. – Mas isso não vai trazê-lo de volta.
Sentei no chão, ao lado dele.
- Acha que Seth ia querer que você se machucasse assim? – peguei as mãos dele, os nós dos dedos vermelhos.
Max soltou outro soluço, sua respiração acelerou e ele abaixou a cabeça, tremendo. Seu esforço para segurar a raiva e as lágrimas era nítido. Não imaginei que a ligação que ele e Seth construíram tinha sido tão forte assim.
Ficamos ao lado dele, sentadas no chão, até que ele se acalmasse.
- Desculpem... – Max disse, depois de um tempão. – Não queria perder o controle.
- Sabemos que é difícil, mas descontar nas paredes não é solução. – falei.
- Tive uma ideia. – Julie sorriu para ele. – Você fica aqui enquanto a Liz e eu vamos comprar sorvete.
Ele concordou com a cabeça. Seus olhos cinzas pareciam o céu durante uma tempestade. Perguntei-me se isso acontecia sempre que ficava triste.
Julie e eu subimos no carro e dirigi até o supermercado mais próximo. Pegamos o sabor favorito de Max e colocamos na cesta de compras. Passamos pelo corredor de chocolates e Julie escolheu alguns.
- Ele está precisando. – justificou. – Não é fácil ter o coração partido assim.
Voltamos para casa e Max estava deitado na minha cama. Mostramos as sacolas com as compras e ele se sentou lentamente, abrindo um pequeno sorriso, o primeiro desde a morte de Seth. Até havia me esquecido que ele tinha covinhas quando sorria.
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Arte & Guerra
RomanceElizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jonathan joga no time de hóquei da escola e sonha em servir ao exército. Duas pessoas que aparentemente não tinham nada em comum, começam a se...