Capítulo 1

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Londres era o puro significado de inverno, pode pesquisar no dicionário. Contudo, naquela noite, fazia um certo tipo de calor diferente, chovia gente em Londres. Todos os bares estavam extremamente cheios e as pessoas corriam de um lado a outro procurando presentes, bebidas e Klaus. Já Diana, procurava o oposto; desejava que uma chuva caísse para que ninguém saísse de casa, desejava que não fosse Natal e que fosse só um delírio coletivo, ou, na melhor das hipóteses, apenas encontrar um lugar que não cuspisse gente e que pudesse sentar, respirar e beber – esses eram os verbos que ela mais estava precisando conjugar no momento.

Seu estágio estava exclusivamente pior, trabalhava em uma agência de fotografia e pela primeira vez diante de seu grande currículo acadêmico, jurou odiar a publicidade, em que era formada, para todo sempre. E isso era apenas a pequena fonte de seu stress.

As luzes que cruzavam o céu acima de sua cabeça não eram mais tão lindas, nem mais brilhosas. A neve que caia não era a mais branca, nem a mais fria. As ruas eram ruas, e isso, neste momento, não é algo tão bom. Não para Diana e sua mente pecaminosa que não a fazia esquecer o que tinha acontecido no último natal. Aquele natal.

Passara um ano e nada parecia ter mudado, ao ponto de Diana esquecer-se totalmente do ano passado.

⸺ Sorria, menina. É Natal! ⸺ Dizia um elfo vestido de verde no meio da rua. Diana parou em sua frente e soltou um pesado suspiro. O homem fantasiado nada disse, havia entendido. Dane-se, pensou ele.

Diana poderia discutir com o homem, contudo o seu olhar ficara preso na vitrine em sua frente. Tinha bolos em exposição, em especial um de quatro andares, branco e com glassê como neve. Casas inglesas decoravam a base, como se fossem um vilarejo de açúcar. Parecia com o lugar que visitara no ano anterior, as casas coloridas, a neve branca, um sonho doce, ela diria. O mundo era tão lindo no Natal passado.

Logo a imagem dela em pé era tudo o que Diana também via na vitrine, além das pessoas passando por ela como se estivessem atrasadas a um evento que todos foram convidados, menos ela. Os cabelos cor fogo estavam com flocos de neve e a sua roupa, mesmo sendo super estilosa, era de longe a menos confortável. Puxando o ar com um certo ardor, Diana resolveu seguir o caminho e a busca de algum bar que não estivesse cuspindo gente e que pudesse encher a cara de modo livre antes de ter que entregar seja lá o que for que sua mãe havia comprado para o amigo secreto de sua firma.

A mulher nunca soubera se definir no mundo, você sabe, não havia palavras que pudessem descrever ou se quer expressar quem Diana era. Mas naquela noite, sentindo saudades de um futuro que só existe em sua mente e se mordendo para saber como estava em uma realidade alternativa paralela, Diana se sentiu miserável. E essa palavra logo a lembrou de uma pessoa. Não era Maria que tinha dado luz em um estabulo, nem o Deus do Sol ou algo assim, não era uma entidade. Era uma pessoa real, que de tão real, ponderou a se tornar nada.

Diana passou em frente a um casal que estava ficando noivo naquele exato momento, no coração de Londres e no meio de uma faixa de pedestre, ali, assim. E então o nome de Christopher se tornara mais forte em sua cabeça e a ideia que ele tinha seguido a vida sem sequer lembrar da existência dela, martelou todos os seus neurônios.

O amor está no ar no Natal.

Last XmasWhere stories live. Discover now