Sua expressão assustada se abranda um pouco, como se meu discurso surtisse efeito. É a mais pura verdade. Eu preciso de ajuda para entender como isso tudo funciona, sem parecer uma completa idiota e ela o fará sem me julgar. Pelo menos, não depois de descobrir que ela é tão insegura quanto eu.

— É claro, senhorita. Será uma honra. — Sorri, secando as lágrimas.

— Então comece parando de me chamar de senhorita.

Ela acena, concordando, e deixa o quarto para ir atrás de algo para que eu possa vestir.

— A senhorita está linda! — exclama, levando as mãos ao rosto, como se estivesse emocionada com o resultado de todo o seu trabalho

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— A senhorita está linda! — exclama, levando as mãos ao rosto, como se estivesse emocionada com o resultado de todo o seu trabalho.

Também não é para menos. Ela fez praticamente um milagre!

Observo a minha imagem pelo espelho e quase não me reconheço. Meus cabelos estão soltos, mas ao invés do liso de sempre, cachos grandes e volumosos caem como uma cascata pelos meus ombros. A maquiagem, discreta, destaca meus olhos — não que eles precisem de maquiagem para se destacarem — e o vestido azul, sem mangas e que cobre meus joelhos, deixa-me elegante e refinada. Isso para não mencionar os brincos de pérolas — de verdade, não aquelas falsas que a minha mãe usa — e o bracelete prateado.

Batidas na porta me alertam que é hora de sair do quarto e enfrentar a realidade. Calço os sapatos de salto que, para minha sorte, não são muito altos, e encaro a moça.

— Me deseje sorte — peço, em voz baixa, abraçando-a.

Ela retribui, tomando cuidado para não estragar meu cabelo.

Finalmente abro a porta e encontro Aldo me esperando. Ao me ver, ele parece ficar surpreso.

— Bom dia, Helena. Vamos? Temos um dia cheio.

Acompanho-o ao longo do corredor e ele vai me contando histórias sobre o palácio e seus antigos moradores. Tento me esforçar para acompanhá-lo, tanto nas informações, quando no passo, mas meu deslumbramento e o sapato me atrapalham bastante.

Por fim, chegamos à sala de jantar, onde várias pessoas já estão sentadas à uma mesa enorme. Sobre ela, há comida suficiente para alimentar o meu vilarejo pelas próximas semanas.

— Bom dia, senhores. — Aldo chama a atenção de todos. — Esta é a Helena, última descendente da família Loyola de Albuquerque e representante do condado na corte.

Sem saber o que fazer, apenas dou um tchauzinho.

— Este é Saulo, membro do marquesado na corte e sua esposa Paloma — diz, apontando para um homem negro, careca e muito sorridente, que não devia ter mais do que quarenta anos e uma mulher, também negra, com cabelos cacheados e muito bonita. — Este é Sérgio, nosso visconde, sua esposa Joice e sua filha Morgana. — Ele aponta para um senhor de uns cinquenta anos, calvo e de cara fechada, sentado ao lado de uma mulher morena de feição nada simpática e uma jovem deslumbrante, que parece ser um pouco mais velha do que eu, mas que, assim como seus pais, também não parece ser nada cordial. — Por último, mas não menos importante, Olga, a baronesa mais simpática de todo o reino.

A Corte - Livro 1 - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora