- Agora... – Julie pegou um par de sapatilhas no armário. – O último toque.
- Vocês usam o mesmo número? – Seth perguntou, arqueando as sobrancelhas.
- Não. Eu as comprei para a aposta. – ela deu de ombros.
Isso é tão típico da Julie que sequer me surpreendi.
Max tentava desajeitadamente calçar as sapatilhas e resmungava ao mesmo tempo sobre como estava repensando se queria mesmo esse tipo de amizade na vida dele. Caminhou até o espelho e se olhou por um instante.
- Cruzes, estou tão...
- Deslumbrante. – Seth lançou uma piscadinha para o amigo.
Max balançou o vestido e fez um biquinho para nós. Parecia mais confortável com a ideia, então Julie começou a tirar fotos. Eu sabia que ela nunca permitiria que ele se esquecesse desse dia.
Dormi (novamente) na casa da minha melhor amiga e acordei com ela resmungando.
- Liz, olha aqui! – ela balançava o celular praticamente no meu rosto.
Bocejei, espreguicei-me e esfreguei os olhos, com toda a calma do mundo só porque eu sabia que isso a irritava.
- Garota, é uma emergência. – pelo tom de voz dela, eu sabia que não era algo grave de verdade.
Olhei para o celular.
- Você acredita que ela teve a audácia de lançar moda com isso? – Julie parecia furiosa.
O motivo da raiva era a foto que Natally postou em uma rede social. Exibia um corte de cabelo totalmente diferente do estrago que tínhamos deixado, além de ter incorporado os tons de verde e azul em um penteado cheio de estilo. Várias pessoas estavam deixando comentários, elogiando.
- Que legal. – abri um sorriso.
- Não! – Julie rosnou. – Isso é péssimo! Ela deveria ter ficado triste e envergonhada, não era para essa megera jogar na nossa cara o quão maravilhosa ela é!
- Talvez seja um sinal de que a vingança não é a resposta. – tentei argumentar.
Minha melhor amiga me encarou, como se não acreditasse no que eu estava dizendo.
- Você já esqueceu da camiseta que ela destruiu?
Depois do incidente, acabei guardando os restos do presente de Jonathan no meu quarto, com todo o carinho do mundo. Ela realmente tinha jogado baixo. Nós também. Agora estávamos quites e era bom vê-la seguindo em frente, mas não falei nada para não gerar discussões com Julie.
Mudei de assunto e começamos a discutir sobre os projetos da escola. Diferente do nosso que já tinha acabado, Seth, Benny, Tommy e os outros ainda estavam trabalhando em novas jogadas com os novatos do time de hóquei.
- Podemos visitá-los algum dia para ver como estão as coisas. – sugeri.
Julie concordou e começou a planejar com que roupa iria. Eu teria adorado continuar ali e ouvi-la divagar sobre qual era o vestido ideal para a ocasião, mas Anna Marie me enviou uma mensagem, perguntando se eu podia ir até a casa da família Ross.
Fui até lá com um aperto no coração, esperando alguma notícia ruim. Durante todo o percurso, o rosto de Jonathan coberto de ataduras não saiu da minha mente. Ao chegar lá e descobrir que não tinha nada a ver com alguma tragédia, senti o alívio me dominar. Lembrei a mim mesma que ele estava ferido, não morto.
Ela me ofereceu algo para beber e sentamos juntas na sala de estar.
- Quando eu estava limpando a casa, encontrei uma carta no quarto dele. – Anna Marie começou a contar. – Te chamei aqui na esperança de que você soubesse o motivo de ele não ter comentado nada comigo.
Li o conteúdo e não pude conter a surpresa: ele tinha sido aceito na mesma faculdade que os outros meninos do time de hóquei. A data da carta indicava que ele a tinha recebido antes de ir para o exército, na mesma época em que descobri que iria para a faculdade de artes. Lembro-me perfeitamente dele afirmando que não tinha recebido resposta nenhuma.
- Ele também não me contou. – expliquei toda a história para a mãe de Jonathan.
Reli a carta.
- É uma bolsa integral. – constatei, o orgulho tomando conta de mim. – Provavelmente, mérito dos talentos dele como jogador de hóquei.
- Por que ele mentiria e esconderia algo tão importante? – ela questionou.
Encolhi os ombros, indicando que não possuía uma resposta para a pergunta.
- Talvez ele estivesse esperando o exército chamá-lo. – deduzi. – Por isso, pensou que não valeria a pena se animar com a faculdade.
- O pai dele acha que não é uma boa ideia perguntar sobre isso enquanto ele ainda estiver longe. – ela disse.
- Considerando que temos tão pouco tempo para falar com ele, e nos últimos dias sequer conseguimos contato... – soltei um suspiro triste.
- Ferido, não morto. – Anna Marie tocou meu ombro e trocamos um sorriso.
Ela tinha razão. Jonathan viria para casa, as coisas voltariam ao normal e nós teríamos a chance de questionar o porquê de ele não ter nos contado sobre a faculdade.
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Arte & Guerra
RomanceElizabeth é uma aspirante a artista e pretende ingressar na faculdade de artes junto com sua melhor amiga. Jonathan joga no time de hóquei da escola e sonha em servir ao exército. Duas pessoas que aparentemente não tinham nada em comum, começam a se...
Capítulo XXVII
Começar do início