- Vamos para o shopping. – ela abriu um sorriso gigantesco.

- Saia de cima de mim, Juliette. – reclamei.

- Só se você prometer que vai comigo.

Abri a boca para discutir, mas ela colocou as mãos no meu rosto e me olhou, ficando séria de repente.

- Não pode ficar enfurnada aqui para sempre. – repreendeu. – Você ouviu o Ryan falando que Jonathan vai ficar bem!

Ela tinha razão. Assim que concordei em sair com ela, Julie pegou algumas peças de roupas e jogou em mim, avisando que eu tinha dez minutos para me arrumar. Suspirei exasperada e fui para o banheiro.

Como naqueles filmes de drama, no momento em que fechei a porta, fechei os olhos e o rosto cheio de curativos de Jonathan voltou para atormentar a minha mente. Tive a sensação de que alguém colocava a mão dentro do meu peito e apertava meu coração. Antes que as lágrimas aparecessem, lembrei do que Anna Marie disse.

- Ferido, não morto. – repeti, tentando me acalmar. É doloroso demais ver quem você ama se machucar.

Ouvi uma batida na porta.

- Liz? – a voz de Julie chamou. – Tudo bem?

- Sim. – tentei manter a voz firme. – Já estou indo.

Fiquei pronta em menos de cinco minutos e mesmo assim minha melhor amiga ficou enchendo o saco. Ela não era a pessoa mais paciente do mundo. Ela sempre se animava para ir ao shopping, mas hoje estava quase saltitante.

- Por que está tão feliz? – desconfiei. Quando Julie ficava entusiasmada demais, geralmente estava aprontando alguma coisa.

- Max fez uma aposta comigo. – explicou, enquanto pegava as chaves do carro. – Sabe como levo isso a sério.

Uma das valiosas lições que aprendi depois de tantos anos de amizade com Julie foi a nunca apostar nada com ela. Em hipótese alguma. Se você perder, prepare-se para a sua vida virar um inferno. Não importa quanto tempo passe, ela vai se lembrar e irá cobrar.

Chegamos ao shopping e Julie foi direto para a praça de alimentação, argumentando que estava com fome e não conseguia fazer nada com o estômago vazio.

- Você não vai acreditar. – ela comentou, usando seu melhor tom de fofoca.

- O que?

- Sabe a Katarina Perez?

Tentei me lembrar de alguém com aquele nome.

- A garota que foi ao baile com o Tommy. – Julie explicou.

Concordei com a cabeça, esperando o que viria a seguir.

- Parece que ele foi até a porta dela com um buquê de flores para pedi-la em namoro. – ela gesticulava, comia e falava ao mesmo tempo.

- Mentira! – comecei a rir. – Achei que fosse impossível o Tommy gostar de outra pessoa que não seja ele mesmo.

- Acho que ele só adorou o fato de formarem um casal bonito e isso aumentar ainda mais o status dele. – minha melhor amiga argumentou.

- Conhecendo o Tommy, isso faz total sentido.

Julie terminou de explicar a vergonha alheia que nosso colega passou enquanto eu quase engasgava de tanto gargalhar. Os pais dela presenciaram tudo, assim como alguns vizinhos. No fim, ela obviamente não aceitou.

Depois de comer, fomos até a loja onde Max trabalhava (alguém nessa amizade precisava fazer alguma coisa, né?). Esperamos que ele atendesse uma cliente para que pudéssemos nos aproximar. Eles explicaram que apostaram com quem Natally reclamaria primeiro sobre o ocorrido.

- Eu acho que será comigo. – Max falou. – Se eu ganhar, Julie terá que fazer compras no supermercado com a minha avó durante uma semana.

- Meu palpite foi que ela reclamará para o Seth. – ela disse. – E como eu estou sempre certa, Max vai se fantasiar de Juliette Mills.

Não consegui segurar a risada só de imaginar as cenas.

- O Seth também está envolvido? – perguntei.

- É óbvio. – Max riu. – Se Natally não reclamar com ninguém, ele recebe dez pratas. Se ela falar comigo ou com a cachinhos, ele vai nos dar o dinheiro.

- Dez para cada. – Julie abriu um sorriso.

Tentei entender o sistema de apostas deles.

- Vocês são tão maduros que chega a ser assustador. – comentei.

- É isso que você ama na gente. – Julie apertou minha bochecha, como se eu fosse uma criancinha da primeira série que acabou de aprender a escrever o próprio nome.

Ela estava certa. O fato de eles serem bobos assim fazia com que meus dias fossem mais animados e, consequentemente, que meus problemas e a saudade de Jonathan parecessem menores. Não respondi porque eles não precisavam que eu aumentasse ainda mais o ego maluco deles.

Agoraque eu já sabia da aposta, era só esperar e ver quem perderia.

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