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Eillen

Nova Yorque - Mundo humano

Enquanto observava das sombras, ela não conseguia deixar de se lembrar daquela noite, quando era apenas uma criança inocente, alheia a toda essa disputa entre raças. Sua mãe havia acabado de lhe ajudar a lavar os cabelos negros e lisos, e os escovava enquanto cantava uma música, cuja melodia ecoava em sua mente. A letra falava sobre ser livre em campos floridos e sobre felicidade.

Ela se lembrava com riqueza de detalhes os gritos de agonia que ouviu, vindos de fora junto com um som metálico, que ela soube depois que eram de espadas se chocando.

Em nenhum momento a expressão de sua mãe não mudou, exceto quando aquela mulher apareceu através de uma fenda luminosa na parede. Linda, em sua armadura prata reluzente, e seus olhos azuis grandes e expressivos, transmitindo puro amor e compaixão.

Com lágrimas nos olhos, a sua mãe a entregou para a estranha sem brigar, e só então pôde entender que aquilo era uma separação. Antes que atravessassem aquele portal, em uma última olhada para sua mãe, ela a viu tirar a própria vida, cravando um punhal em seu estômago.

Uma movimentação a tirou de seus pensamentos e ela pôde ver quatro vampiros. Eles portavam armas que, de início, não pode identificar, mas pelo uniforme que usavam pode concluir que eram soldados e pareciam vigiar uma espécie de contêiner que apareceu de repente no centro do pátio, como se já estivesse ali, mas estivesse encoberto por alguma magia.

Com uma câmera fotográfica, ela tirou algumas fotos e aguardou, pois, precisava ter certeza do que havia no contêiner antes de agir. Algum tempo depois, um homem apareceu, e a julgar pela armadura que usava, com certeza se tratava de um caçador. Junto com ele, como uma espécie de escolta, outros quatro homens de armadura aguardavam a distância, enquanto ele se aproximava dos vampiros.

Da distância em que ela estava não podia ouvir o que diziam, e também não podia arriscar se aproximar ou ativar seus poderes, sabendo que os caçadores poderiam sentir sua presença e colocar sua missão em risco.

— Droga, isso complica tudo! — ela pensou, enquanto o vampiro que parecia ser o chefe apertava a mão do caçador e os outros vampiros abriam o contêiner, para de dentro dele saírem dez indivíduos que ela, com seus olhos treinados, identificou como sendo todos vampiros recém-transformados, todos com as mãos e pés presos por algemas e grilhões prateados.

— Por que diabos vampiros entregariam outros vampiros aos caçadores? — ela se perguntou enquanto tirava mais fotos — Eu preciso me aproximar mais, para ouvir o que dizem.

Ativando o mínimo de sua habilidade furtiva, ela atravessou as sombras, mesclando-se a ela como em simbiose, para em instantes estar a poucos metros de onde eles estavam, e ergueu sua cabeça para fora da escuridão a tempo de ver o líder dos caçadores fazendo um sinal para seus que companheiros entregassem aos vampiros uma mala prateada.

— Está tudo aí conforme o combinado — o Caçador disse ao vampiro que recebeu a mala —, se quiser pode conferir.

— Eu confio em você! — o Vampiro respondeu, mostrando por suas presas estarem ativas, que se mantinha em estado de alerta.

— Agora podem ir, o resto é conosco! — o caçador disse, e com um gesto de mão fez com que as algemas e grilhões se soltassem, deixando os vampiros prisioneiros livres. Enquanto os soldados vampiros se retiravam sem dar as costas.

Os prisioneiros pareciam não entender por que estavam ali e muito menos o que eram, e ela sabia que essa confusão era normal depois da transformação. O caçador fez um pequeno corte no próprio pulso, e ela sentiu o cheiro do sangue fresco, e imaginou que os prisioneiros também sentiram, já que expondo suas presas eles começaram a atacar, e eram massacrados um a um pelos caçadores.

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