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Joalin

Entrei no quarto observando tudo ao redor. Tinha duas camas box de casal com um criado-mudo ao lado, fiz uma lista mental do que colocaria naquele pequeno espaço, provavelmente calcinhas ou doces escondidos de Sabina.

Falando nela, podia escutar sua gargalhada alta no corredor. Estava conversando com Anabel sobre jogadores de futebol que as duas achavam gatos. Em certa parte, sabina disse:

― Um dia eu me casarei com alguém rico que possa comprar o que eu queira, até mesmo um escritório igual o do Simon. Sabrina Hidalgo ainda estampara muitas revistas, anote.

Senti nojo. A que ponto uma coisa que é pra ser com amor e confiança se torna algo sujo e interesseiro? Não gostava da ideia de me casar por interesse ou algo do tipo. Se quero algo, preciso ir atrás.

Enquanto eu analisava o banheiro, escutei um barulho na porta, talvez fosse Sabina. Mas tive certeza que não era quando escutei a voz de alguém com o timbre mais fino, com certeza não era Sabina.

― Joalin Vives Sofia Loukamaa?

Sai do banheiro com passos lentos, uma mulher de cabelos cacheados estava olhando uma prancheta. Senti uma vontade de corrigir, mas fiquei quieta.

- Ah, é Viivi, desculpa.

- Sem problema.

A porta do quarto foi aberta com brutalidade. Dou um passo para trás  encostando no batente da porta. A mulher vira lentamente, olhando para Sabina que me olhava com as sobrancelhas juntas, confusa.

Ela aponta do dedo para mim.

- O que ela está fazendo aqui?

A mulher a ignora.

- Prazer meninas, sou Yonta Taiwo, vou guiar vocês durante esses três meses.

- O que ela está fazendo aqui?

- Maria Sabina Hidalgo Paño. Hum. Vocês não se conheceram no aeroporto? Sem problemas, eu as apresento - Yonta sorri. - Essa é Joalin Viivi Sofia Loukamaa, sua colega de quarto.

Coloquei as mãos nas orelhas para abafar o som caso Sabina gritasse, o que não aconteceu, ela só ficou em choque e com a boca aberta. Fiquei um tanto aliviada de ela não ter gritado.

- Mas, como assim?

- Isso é fácil de entender, eu te explico. Estamos ocupando o hotel inteiro. Com os 34 selecionados, ocupamos 17 quartos. Ainda tem os cinegrafistas que contratamos de diversos lugares, nutricionistas e tudo mais. Ocupamos o hotel inteiro, não tem como arrumar outro quarto.

- Mas eu preciso de um quarto só para mim!

Yonta riu e inclinou a cabeça levemente.

- Boa sorte, querida. Tem um hotel no outro bairro, mas aviso que os motoristas não estão a sua disposição. Boa noite.

Yonta sai do quarto e fecha a porta. Olho para Sabina, ela ainda parecia chocada, mas não me olhou de forma ameaçadora ou parecia que ia me matar me jogando da sacada, por precaução ia ficar longe de qualquer altitude.

A olho com um pouco de empatia. Ela da um sorriso falso e leva as duas malas para a cama mais afastada da porta, não reclamei, apenas fui para a outra cama. Sabina abriu as malas e foi para outro lado do quarto, então percebi que tinha um armário também.

- Vamos dividir, okay?

- Tudo bem.

- Eu com a parte esquerda e você com a direita.

- Tudo bem.

Sabina sorriu e voltou a colocar as coisas dela no armário. Meu coração acelera de nervosismo. Pego o celular no bolso, mas não o ligo, apenas encaro a tela preta.

- Vai ser fácil de conviver com você,  as outras duas me enlouquecem.

Não falo nada, apenas limpo a garganta e logo o celular. Por pura coincidência, meu pai começa a me ligar. Levanto devagar e vou até o banheiro, tranco a porta e atendo. Falo baixinho com medo de Sabina escutar.

Depois de ter tentado fazer Yun falar algumas palavras, mas sem sucesso, como um banho e saio do banheiro enrolada em uma toalha. Para a minha sorte, Sabina entra no banheiro rapidamente e eu posso me vestir na paz e tranquilidade.

Deito na cama com o celular nas mãos, mensagens de parabéns por estar em Los Angeles eram muitas e tive que enviar um obrigado para cada pessoa, o que foi cansativo e chato.

Sabina sai do banheiro escovando os longos cabelos que quase chegavam a sua bunda. Fecho os olhos e desligo o abajur devagar sem que ela perceba. Levemente abro e olho para seu corpo, de costas ela era bonita, é de frente também.

Quando morava na Finlândia com a minha mãe, não íamos a igreja, nem tínhamos religião, apenas acreditávamos em Deus. Quando fomos para o México fui algumas vezes na igreja com Pepe e com ele aprendi a orar.

O que fiz agora. Orei para que eu consiga ficar até o final e entrar no Now United. Sei que pra isso, Sabina precisa ir embora e por uma fração de segundos pensei em fazer algo para ela ir mandada embora.

Tinha mais duas meninas que eu tinha que me preocupar, mas já tinha visto elas dançando e sei que de alguma forma eu sou melhor que elas. Tinha que ter preocupação extra com Sabina, nunca havia visto ela dançar e a mesma tinha jeito de ser flexível e boa na dança. 

Mas a partir do momento que ela me olhou com um sorrisinho sinico nos lábios, fez um gesto debochado e falou:

- Essa quietinha não dura muito tempo - e então ri.

Tenho certeza que fiquei vermelha de raiva, odiava que zombassem de mim e a partir do momento que ela soubesse disso tenho certeza que vai usar isso a seu favor. 

Reconciderei a ideia de talvez fazê-la torcer o tornozelo, sabia que algo de ruim estava por vir, mas não conseguia decifrar o que.

Imediatamente mandei meus pensamentos pararem, mas só pensava em coisa ruim, ou se ia conseguir mesmo ficar em LA e pirar sozinha em um quarto de hotel com uma garota que não gosta de mim.

Só consegui finalmente mergulhar na inconsciência quando Sabina desligou a luz do quarto e depois a do seu abajur indo dormir, a sua respiração calma me deixava mais calma para finalmente dormir.

~•~

Finalmente chegaram em LA!!!

Próximo cap, vamos para as amizades?

Querem narração da Saby ou da Jojo?

Bjs da Camiz ❤

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