Max, que estava sendo atualizado sobre a evolução do plano por mensagens, chegou com uma sacola e se juntou a nós. Mostrou o que tinha pegado na loja e eu senti a culpa borbulhar dentro de mim. Realmente faríamos isso? Bem, sim.

Ao longo da semana, fomos para a escola e trabalhamos no projeto, tratando Natally com total indiferença, como se nada tivesse acontecido, embora a minha vontade fosse espancá-la até a morte. Ela continuou nos ignorando e usando o celular, sem ajudar em absolutamente nada. Nem Rose nem nenhum outro dos nossos colegas sabia da camiseta destruída ou do plano que executaríamos na sexta-feira.

As fotos estavam prontas e emolduradas, então dedicamos a nossa atenção em finalizar os quadros, que ficavam cada vez mais bonitos. Retratamos o time, o domo e alguns pontos da escola, como o corredor que Julie queria desde o começo e o refeitório. Refizemos o projeto do zero, excluindo propositalmente todas as ideias que a megera tinha dado no início.

Benny Bu tentou nos levar para várias festas, mas Julie e eu passávamos a maior parte de nossas noites juntas, assistindo filmes e esperando que nossos namorados mandassem notícias. A cada dia que passava, ficávamos mais preocupadas. Max nos lembrou que se algo realmente tivesse acontecido, nós saberíamos, e, uma vez que não havia notícias na internet, na televisão e não recebemos nenhum telefone, eles estavam vivos.

No dia da apresentação do projeto e da vingança, acordamos cedo para arrumar os quadros no ginásio (onde todos do clube de artes apresentariam suas obras). O lugar estava um verdadeiro caos, com nossos colegas correndo de um lado para o outro com esculturas, pinturas, desenhos, colagens, recortes e os mais diversos materiais. A professora dava o melhor de si para auxiliar todo mundo.

- Abriremos o ginásio para o público em menos de uma hora. – ela anunciou.

Rose, Julie e eu arrumamos tudo da maneira mais harmônica possível, tomando cuidado com a paleta de cores. Terminamos pouco antes das pessoas começarem a chegar.

Várias famílias vieram nos prestigiar, incluindo os pais de Julie. Os meus não conseguiram sair mais cedo do trabalho, mas prometi mandar fotos. As pessoas pareceram realmente interessadas pelos quadros relacionados ao time de hóquei, e eu prontamente respondia as dúvidas que surgiam - de onde tiramos as inspirações, quem pintou, o porquê da escolha das cores, etc. As fotografias de Rose também fizeram sucesso e as molduras de Julie fecharam o projeto com chave de ouro. Natally não fez nada, mas sorria e recebia os créditos junto conosco.

A senhora Smith pareceu muito impressionada com a nossa "recuperação milagrosa", então quando as pessoas da cidade foram embora e fechamos o ginásio, ela veio nos elogiar. Lancei um sorriso triunfante para Natally. Assim que a professora se afastou, Julie disse, com a voz cheia de veneno:

- Deve ser muito chato odiar pessoas tão maravilhosas como nós. A inveja faz mal, queridinha.

Ela bufou.

- Vamos, vamos limpar isso aqui. – Julie disse.

Antes que a megera pudesse se negar, Rose acrescentou:

- Se não quiser, tudo bem, mas aí eu precisaria falar para a professora que você não ajudou em nada depois que os quadros foram rasgados.

Eu conseguia sentir o ódio fervilhando dentro de Natally conforme ela nos ajudava. Imagina só quando a vingança estivesse completa.

Julie recebeu uma mensagem de Benny e Seth, falando que tudo estava nos conformes.

- Natally, pode ir até a sala dos produtos de limpeza e trazer um esfregão? – pedi, iniciando o plano. – Acabamos sujando o chão.

Com toda a má vontade do mundo, a megera saiu, pisando forte. Benny estaria esperando a garota lá. No momento em que ela entrasse no cômodo, seria trancada.

Não levou muito tempo até meu vizinho mandar uma mensagem, dando o comando para prosseguirmos.

- Que demora. – dei o sinal para Julie.

- Aposto que aquela idiota não sabe o que é um esfregão. – ela entrou no jogo.

Rose soltou uma risada. A coitadinha não fazia ideia do que estava acontecendo.

- Fique aqui que Julie e eu vamos buscar a droga do esfregão. – pedi.

Ela sequer contestou.

Caminhamos apressadas pelos corredores. Estavam vazios, já que todo mundo estava concentrado na limpeza do ginásio. Os outros clubes da escola tiveram as atividades suspensas por hoje para a escola ser de uso exclusivo do clube de artes.

Na esquina de onde Natally estava, Seth nos esperava. Entregou luvas, uma tesoura e duas bisnagas para nós. Sorriu e seus olhos, tão azuis quanto o fundo do mar, brilharam.

Julie e eu chegamos onde Natally estava trancada e trocamos um olhar. Benny nos deu a chave e se afastou, para não levantar suspeitas. Seth ficaria incumbido de levar um esfregão para Rose e inventar uma desculpa para a nossa demora.

- Vamos nessa. – falei. – Tá na hora da vingança final.

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