[15] só hoje

Começar do início
                                    

- Não, esquece - voltei a me sentar no sofá ao seu lado - Vamos ficar aqui - apoiei a cabeça em seu ombro, pronto para receber carinho. Passamos a manha inteira assim, aproveitando a companhia um do outro.

Eu estava dando o meu máximo para não pensar em Taehyung naquele momento, mas estava sendo impossível. Porque não era para eu estar ali com Jimin, não era porra, eu deveria estar com ele, na casa dele, na cama dele, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, e parar a conversa com beijinhos, ele faria manha para levantar e só depois iríamos tomar café, faríamos planos para a noite logo depois de assistir uma animação qualquer, seria um dia perfeito, era sempre perfeito.

Fantasiar sobre Taehyung talvez sempre tenha sido um dos meus maiores erros nesse processo de superação, mas mesmo que me machucasse muito, eu não conseguia parar de pensar nele e fantasiar sobre como teria sido nossa vida juntos.

Jimin foi embora no comecinho da tarde, disse que precisava passar na casa da irmã e me pediu para ligar caso eu precisasse de algo. Eu não liguei para ele nenhuma vez aquele dia, eu sequer me lembrei dele pelas próximas horas.

Sabe, é incrível como 24 horas podem parecer longas, longas até demais. Sentia que aquele dia nunca teria um fim, eu só queria que ele acabasse logo para eu poder dizer a mim mesmo: Você conseguiu, meus parabéns.

Em busca de ocupar a minha mente com qualquer coisa que fosse eu decidi que iria arrumar a casa, eu limpei tudo umas duas vezes seguidas, não tinha mais o que limpar e ainda eram três da tarde. Era um pesadelo.

Fucei o celular, tentei assistir alguma coisa, me entupi de comida e eu continuava levando meus pensamentos até Taehyung, os afastando antes que eu pudesse me aprofundar nele e começar a ficar triste.

Foi quando eu tive a brilhante ideia de abrir a garrafa de vinho que estava na geladeira a uns bons meses. Foda-se o tempo do vinho eu queria era esquecer da minha vida.

Passei uns bons minutos na varanda pensando em tudo e nada, a garrafa de vinho chegando na metade e minha visão embaçando. Ficar bêbado tomando vinho é ridículo.

Voltei para a dentro com meu vinho barato e a minha taça, a única que havia sobrado das cinco que eu tinha. Taehyung quebrou duas delas, e eu as outras duas, todas no meu aniversário quando fazíamos a questão de comprar um vinho descente e não um fardo de cervejas.

Não sei o que me levou até o quarto, mas me encontrei fuçando o meu armário atrás da caixa de coisas do Taehyung. Era assim que eu a chamava.

Lá estava eu cutucando a ferida, joguei todas as roupas dele no tapete até finalmente encontrar a maldita caixa, ignorada por meses. Não sei onde eu estava com a minha cabeça para abrir aquela porra.

Me sentei entre as roupas dele deixando a caixa no chão, enquanto enchia a taça mais uma vez, soltei um suspiro fitando as roupas ao meu lado. O cheiro dele vindo delas, havia me esquecido do quão bom o cheiro dele podia ser.

Deixei a taça de lado por um momento, puxando uma das camisas branca com uma estampa colorida, eu adorava aquela camisa em particular porque era uma das que eu gostava de dormir usando.

Sem pensar duas vezes eu tirei a camisa que usava apenas para vestir aquela, que era muito maior do que eu e ainda tinha o cheiro dele. Fez meu coração errar uma batida.

Quando voltei a atenção para a caixa, tomando coragem para abri-la e quando finalmente consegui eu quis me matar, eu me auto saboto todas as vezes, aquilo quebrou o meu coração.

Tinha todos os presentes que ele me deu ali, todos. Todos os livros dele. Todas as nossas fotos. Tudo ali, todas as coisas que ele não veio buscar e que talvez eu devesse joga-las fora, mas eu não tinha coragem, nunca tive.

HAPPIER | VhopeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora