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Estava à cerca de meia-hora deitada na minha "cama". -Um conjunto de improvisações com almofadas e cobertores no quarto de Gemma. -Step e Gemma já dormiam, facto que pude comprovar quando o braço de Gemma voou para a minha cara e ela nem se mexeu depois disso.

Depois de um jantar repleto de conversas reveladoras sobre Harry e Gemma e factos vergonhosos oferecidos por Anne, um bolo foi posto na mesa e a típica música de "Parabéns" ecoou pelo Salão. Até aí estava tudo bem, porém quando eu cheguei ao quarto não consegui evitar que algumas lágrimas fossem derramadas.

Dezoito anos, sem mãe ou pai e a gerir parte de uma empresa que sustentava mais de cem postos de trabalho.
A minha vida estava uma confusão da qual sair se tornaria difícil.
Eu virei-me para a porta e suspirei.

Vi uma sombra passar, iluminada pela ténue luz do corredor, levantei um pouco a cabeça mas nada estava lá, a não ser uma porta entreaberta com alguns casacos pendurados atrás dela.

Eu voltei a pousar a cabeça no travesseiro e suspirei.

-Psst! Psst! - Ouvi alguém fazer.

Abri os olhos e deparei-me com umas longas pernas nuas e quando continuei a percorrer o caminho destas deparei-me com Harry na porta do quarto a chamar-me.
Eu retirei o braço de Gemma que veio parar de novo a cima de mim e levantei-me rapidamente quase tropeçando nos cobertores.
Abri a porta do quarto, saí e fechei-a novamente.

-Que estás aqui a fazer Harry? -Eu sussurrei olhando para a porta do quarto de Anne que se encontrava fechada.

Harry sorriu e pegou-me na mão, fazendo-me segui-lo até ao exterior da casa onde estivemos bem antes do jantar.
Quando ele fechou a porta de correr eu suspirei de alivio, não tínhamos sido apanhados e eu esperava que não o viéssemos a ser.
Harry abraçou-me e eu abracei-o de volta, um beijo foi depositado suavemente nos meus lábios fazendo-me suspirar.

-Sabes que é uma treta o facto de andarmos às escondidas? -Ele disse e pousou o seu queixo na minha cabeça.

Eu assenti com a cabeça.

-Mas também sabes que é o melhor, certo? -Eu perguntei.

Senti Harry anuir.
O frio passava pelo meu corpo fazendo-me tremer descontroladamente, eu tentava parar, tarefa que parecera impossível até que o calor que Harry emanava me começara a aquecer.

-Harry, amanhã vou ter de acordar cedo... -Eu lamentei passados uns segundos de silêncio.

Harry segurou na minha face e beijou-me, um beijo longo e quente.

-Meninos, talvez esteja na hora de irem para a cama... -Ouvi Anne dizer.

Eu abri rapidamente os olhos e parei o beijo, Harry fez o mesmo mas adicionou uma gargalhada barulhenta e vibrante. Eu encarei Harry,depois Anne, e novamente Harry.

-Okay. -Assenti e subi as escadas a correr ouvindo Harry ainda a rir.

Quando cheguei ao quarto fechei a porta e suspirei, e mal me deitei mil pensamentos vieram à minha mente.
Fechei os olhos e suspirei, coisa que se andava a tornar repetitiva ultimamente, senti-me a adormecer e obriguei-me a mim mesma a fazê-lo a qualquer custo.


***

Fui-me afastando da minha mãe à medida que recebia toques no ombro.

-Melanie, acorda.- A voz de Gemma ecoou na escuridão e eu sorri para a minha mãe em tom de despedida.
Quando acordei e abri os olhos senti-me desorientada e vazia, estava escuro e eu esperava não ter acordado ninguém como acontecera da última vez que dormira em casa de Anne.

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