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Eu estacionei à frente da casa de Gemma e desliguei o carro mantendo o rádio ligado, suspirei e recostei a cabeça ao assento.

A chuva caia fortemente e a música da radio era quase inaudível, eu mantinha as mãos no meu colo simplesmente esperando que a chuva passasse, eu olhava atentamente para as minhas mãos enquanto observava as minha unhas que tinham sido seriamente roídas na véspera de natal.

Na minha mente eu cantava a música que passava na rádio e desejava seriamente que por um ato de magia o Harry não estivesse em casa, quando uma luz chamou a minha atenção eu levantei rapidamente a cabeça para ver o que seria mas parecia estar tudo normal...

Um relâmpago ribombou fazendo os vidros do carro tremer.

Fazendo-me a mim tremer.

Retirei rapidamente o meu telemóvel do bolso e liguei para a Step, enquanto esperava que Step atendesse o telefone encolhia-me no assento e tentava aconchegar-me ao cachecol o melhor possível.

Ninguém atendeu e enquanto estava a considerar ligar para Gemma um bater no vidro do lado do pendura chamou novamente a minha atenção, quando olhei para o vidro Harry estava do lado de fora a olhar para dentro do carro e quando novamente outro ribombar soou eu não pensei duas vezes e destranquei a porta do carro deixando o Harry entrar.

Eu retirei a minha mala do assento e atirei-a para os bancos traseiros, o Harry fechou a porta e suspirou esfregando as mãos uma na outra.

-Hey! -Ele disse alegremente fazendo-me olhá-lo.

-Hey!

-Que estás aqui a fazer? -Ele perguntou e outro ribombar soou fazendo-me encolher.

-Esperar que a chuva pare. -Eu falei baixo enquanto analisava o volante.

-E tu? -Eu perguntei encarando-o novamente.

-Estava no meu carro a fazer a mesma coisa. -Ele disse continuando a esfregar as mãos.  

Eu baixei a cabeça e desejei ser forte o suficiente para não lhe perguntar como tinha sido o Natal.

-Já tens carro! -Ele observou e sorriu.

-Hum Hum.

-É muito giro por acaso. -Ele disse e eu interpretei isso como uma tentativa de fazer conversa.

-É igual ao teu Harry...

-Pois é.

E quando à cerca de umas horas eu desejava estar com ele neste momento eu desejava o oposto, pois preferia isso do que a esta conversa sem sentido.

-Então o teu Natal, foi bom? -Ele perguntou sorrindo.

-Harry não faças isso... -Eu pedi fechando os olhos.

-O quê?

- Não precisamos de estar a fazer conversa de café, podemos simplesmente ficar em silêncio enquanto esperamos. -Eu sugeri e outro ribombar fez-se ouvir, fazendo-me encolher.

-Eu não estou a fazer conversa de café! -Ele defendeu

. -Estás sim, se não estivesses não perguntavas sobre isso. -Eu disse e começava a ficar chateada.

  O carro foi novamente envolvido num silêncio e a única coisa audível passara novamente a ser o rádio.

-Desculpa se eu não te respondi à mensagem, mas não sabia o que dizer. -Harry disse fazendo-me fitá-lo.

-Não tens de pedir desculpa por nada, tu não tinhas nada para dizer. -Eu sussurrei e puxei as mangas do casaco tentando cobrir as mãos.

Coisa que eu fazia apenas quando estava nervosa.  

The Soul*Where stories live. Discover now