Capítulo XX

Mulai dari awal
                                    

- Talvez ela seja tão agressiva porque somos ruins com ela. – Rose levantou a hipótese.

Minha melhor amiga soltou uma risada descrente.

- Natally é a própria encarnação do mal. – rebateu. – É cruel com todo mundo por pura diversão. Ela não tem coração. Lembra do tapa que ela te deu?

- Eu a provoquei primeiro. – tentei justificar. Aquela mentira sobre Seth não era algo de que eu me orgulhava ou gostava de lembrar. – Acho que ela só precisa de uma chance para ser boa conosco.

Nem mesmo eu acreditei que estava falando aquilo, mas era verdade. Nunca tivemos paciência com a Natally, mas agora a escola tinha acabado, tudo o que precisávamos fazer era aguentar até o fim desse projeto e não a veríamos mais.

- Ah, é? – Julie cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas. – Então prove que ela pode ser boa. – desafiou.

- Vou provar. – semicerrei os olhos para ela.

Segui pelo corredor, na direção em que Natally tinha ido. Encontraria a garota, pediria desculpas pela mentira, resolveríamos nossas desavenças e aí poderíamos fazer esse projeto em paz.

Não foi difícil achá-la. Aproximei-me e tentei sorrir. Ela me encarou, carrancuda.

- Queria pedir desculpas por ter mentido aquele dia sobre o Seth...

- Sai daqui. – ela cortou.

Troquei o peso de um pé para o outro, decidindo como continuar o assunto.

- Natally, eu não quis...

- É claro que quis. – a garota aproximou o rosto do meu.

- Não...

- Foi a sua intenção desde o começo. E você vai pagar por isso.

Não entendi o que ela quis dizer até sentir sua mão no meu cabelo. Senti a dor de ter os fios puxados e tentei me soltar, mas ela me empurrou contra o armário. Bati o rosto com força. Por que Natally estava fazendo isso? Fiquei sem reação até me lembrar, subitamente, de como as brigas funcionavam no hóquei. Busquei a camiseta dela e segurei com uma mão, como presenciei os garotos do time fazendo diversas vezes com os oponentes, em seguida, fechei o punho livre e acertei o rosto dela.

Olhei, surpresa, enquanto ela caía no chão. Quem diria que eu poderia aprender algo com os treinos que assisti?

- Que droga, Elizabeth. – ela gritou, colocando a mão no rosto.

Constatei, em choque, que tinha sangue escorrendo do nariz dela. Será que eu tinha quebrado? O que me deu na cabeça?

- Quer que eu chame ajuda? – perguntei, começando a me desesperar. – Eu não quis...

- Você nunca quer. – ela interrompeu. Notei que não havia muito sangue, então deduzi que não estava quebrado, apenas machucado. – Mas sempre faz.

Natally se levantou e me lançou um olhar mortal antes de caminhar para longe. Não fui atrás dela. Talvez ela não fosse mesmo uma boa pessoa, mas não consegui deixar de me sentir culpada.

Voltei para a sala do clube de artes e contei o que tinha acontecido para Julie e Rose, com cuidado para ninguém mais ouvir. Elas asseguraram que o que fiz foi legítima defesa, mas a culpa não me abandonou quando retomamos o projeto.

Depois de sair da escola, fui até a casa de Jonathan, a fim de falar com a mãe dele.

Anna Marie estava sozinha em casa e me recebeu com um sorriso. Sentei na sala de estar e aguardei enquanto ela preparava chá para nós duas. Tentei não olhar ao redor, afinal tudo ali estava impregnado com lembranças de Jonathan.

- Você também sente falta dele, não é? – ela voltou para o cômodo com duas xicaras e se acomodou ao meu lado.

Concordei com a cabeça.

- Nunca passei por isso. – falei. – Não sei o que fazer.

Ela soltou um suspiro triste.

- Não tem muito o que fazer, além de esperar por notícias.

Anna Marie começou a me tranquilizar, contando sobre a vez em que ficou quase um mês sem saber se o marido estava bem, mas no fim ele só não tinha como se comunicar. Senti uma pontada no coração ao pensar na possibilidade de ficar sem falar com Jonathan por tanto tempo.

- Lá, tudo é muito instável. – explicou. – E eles nem sempre têm tempo para conversar.

- Ainda não gosto da ideia. – encolhi os ombros. – Eu realmente preferia que ele tivesse escolhido o hóquei, e não lutar pelo exército com aquelas armas perigosas.

- Pedi todas as noites antes de dormir que isso acontecesse. – contou. – Infelizmente, nem sempre a vida é do jeito que queremos.

Olhei para a xícara de chá nas minhas mãos. Ela tinha razão. A vida conseguia ser bem injusta quando queria.

- Nosso menino é forte. – Anna Marie tocou meu ombro. – Ele vai voltar para nós, acredite.

Não pude evitar um sorriso.

Depois de algum tempo de conversa, percebi que nós duas só precisávamos externalizar toda a preocupação e inquietação que sentíamos. Ela me garantiu que conforme os dias passassem, eu acabaria me acostumando com a sensação, assim como ela fez com o marido, e agora com os filhos.

Antes que eu fosse embora, ela me entregou uma carta.

- Jonathan deixou isso para você antes de ir, querida. – informou.

Olhei para o envelope. "Para Lizzy", reconheci a letra de Jonathan imediatamente. Ele realmente tinha escrito uma carta para mim? Não contive o sorriso. Meu namorado era mesmo um fofo.

- Obrigada pela conversa. – a mãe dele agradeceu, enquanto me levava até a porta. – Se precisar de qualquer coisa, é só me ligar.

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