| Capítulo 10 |

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Estaciono a moto na garagem de casa e tiro o capacete ainda puto da vida com aquele bilhete

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Estaciono a moto na garagem de casa e tiro o capacete ainda puto da vida com aquele bilhete. Quem a engraçadinha pensa que é para querer me dar lição de moral?

Passei quase o segundo período inteiro de aula distraído, tentando adivinhar o remetente. Cheguei a cogitar que poderia ser uma brincadeira de mau gosto do pessoal com quem eu costumo andar, mas eles não têm esse perfil. Nem devem saber escrever fora do celular ou computador.

A letra é bonita, com certeza é de mulher.

Será que é de uma que dispensei? Se for, fica impossível identificar porque da grande maioria eu sequer lembro o rosto.

Estava na festa na sexta-feira e na biblioteca hoje: dois lugares lotados e completamente opostos, o que só dificulta o meu lado.

Pelo estilo de escrever, é alguém comunicativa e que deve gostar de ler para citar pensadores. Ousada também, pois ninguém fica distribuindo bilhetes por aí à toa. Se não me irritasse tanto essa filosofia barata, até diria que a pessoa tem senso de humor.

Bufo de novo ao lembrar das suas palavras sobre fugir da minha mente.

Uma grande besteira! Se pensa que vai me fazer refletir, está perdendo seu tempo.

Abro a porta da sala e dou de cara com Ernesto e Kate sentados no sofá. Se estão juntos em casa, a essa hora do dia, não é para trazer boas notícias.

Que beleza! Lá vem mais merda para a minha vida.

— O que aconteceu? — pergunto sem rodeios, deixando a mochila em uma poltrona perto da janela.

— Senta, filho — Kate pede.

— O que aconteceu? — repito, impaciente, sem obedecê-la.

Seja lá o que for, sentado ou em pé não fará diferença.

Os olhos da mulher que cuida de mim há 10 anos se enchem de lágrimas. Porra! Deve ser algo muito ruim.

— Os advogados do Rodrigo pediram progressão do regime fechado para o semiaberto. — É Ernesto quem crava uma faca no meu peito, fazendo a raiva aumentar em níveis inimagináveis.

— ELE O QUÊ? — questiono alto, bagunçando meu cabelo ao esfregar as duas mãos na cabeça.

Isso não pode estar acontecendo.

Não pode estar acontecendo.

Não pode!

— Calma, meu amor! — Kate se levanta e vem em minha direção, tentando tocar minhas costas.

Afasto-me imediatamente. Quando estou com ódio, a melhor coisa é ficar longe, muito longe de mim.

Perco a razão.

Como naquele maldito dia.

— Como isso é possível? — Meus dentes estão cerrados, o rosto transfigurado pela ira. — Depois de tudo o que fez ainda pode ficar livre?

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⏰ Última atualização: Dec 05, 2019 ⏰

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