| Capítulo 1 |

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13 anos depois

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13 anos depois

Caminho apressada pela calçada, acenando e sorrindo para todos que cruzam meu caminho. Estou tão feliz que parece que vou explodir. Enfim, poderei estudar novamente em uma instituição de ensino ao invés de em casa.

— Quer ajuda pra atravessar, senhor Luiz? — Paro ao lado do homem franzino de cabelos brancos e ofereço meu braço. Ele sorri e aceita, aproveitando o sinal verde para pedestres.

— É hoje que você viaja, né, minha filha?

— É sim! — respondo, animada. — Daqui a pouco vamos sair. As aulas começam na segunda já.

— Fiquei tão feliz quando soube que você está melhor de saúde. Espero que dê tudo certo por lá, viu?!

— Muito obrigada, vai dar sim, se Deus quiser.

Deixo um beijo na sua bochecha quando chegamos do outro lado da rua e me despeço, seguindo o trajeto até a lanchonete da tia Beatriz.

É tão bom respirar o ar fresco aqui de fora, passear livremente pelas ruas, tocar as pessoas.

Estou com a fibrose cística estagnada há 11 meses e 15 dias. Sim, estou contando! Isso quer dizer que não tenho apresentado piora no meu quadro neste período. Ainda continuo tendo a doença e precisando fazer o tratamento diário, porém, posso manter uma vida mais normal sem as crises.

Não via a hora disso acontecer. Admito, estava cansada demais. Desde que tive meu diagnóstico tardio decretado, cada respiração é uma batalha.

Os médicos só descobriram o que era quando fiquei com um quadro crítico de desnutrição, aliado a insuficiência renal e uma forte anemia. Antes, eles tratavam os sintomas apenas das doenças que apareciam, principalmente, as respiratórias. O plantonista desconfiou do meu histórico e foi confirmado com o Teste do Suor.

Agora a fibrose cística pode ser identificada até no Teste do Pezinho, favorecendo o diagnóstico e o tratamento precoces. O quanto antes for descoberta, melhor qualidade de vida traz ao paciente.

Essa doença causa um defeito na produção das secreções, que se tornam espessas e em grande quantidade, prejudicando o bom funcionamento de vários órgãos. O muco fica mais grosso e pegajoso que o normal e de difícil eliminação. Isso, por sua vez, facilita a proliferação de bactérias e germes.

No pulmão, o catarro bloqueia o movimento do ar, fazendo com que seja mais complicado respirar e obter a quantidade necessária de oxigênio na corrente sanguínea.

A pele também é mais salgada do que a de uma pessoa saudável. Isso acontece porque as glândulas responsáveis pela produção do suor não funcionam corretamente, concentrando mais sal. Devido a essa diferença, o Teste do Suor é capaz de identificar a doença.

A pior fase foi dos 12 aos 18 anos. Inúmeras infecções e internações me fizerem ir e voltar do hospital. Além do pulmão, também tive o pâncreas afetado. O acúmulo de muco bloqueou os tubos que transportam as enzimas cheias de nutrientes para o sistema digestivo.

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