O Aliviante e Trágico Acidente de Jorge

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São Paulo - 1980

Uma chuva de cair o mundo e um frio de lascar característico do Outubro de Campos de Jordão assombra as regiões montanhosas do interior de São Paulo. Januário Braga, um vendedor de tomates de uma popular feira local, carregava um carrinho cheio de cachos de banana quando avistou uma Brasilia capotada e um homem com cara de rico desacordado ao lado.

Logo ele percebeu que se tratava de Jorge Joao-Estrela.

- Alá. O governador se acidentoukkkkkmmkkkkkkk.

- Misericórdia santa mãe de Deus oh meu pai amado... - quase rezou uma conhecida de Januário que caminhava com ele.

Januário Brando percebeu que havia uma mulher no carro, mas sem hesitar, foi até o corpo de Jorge e começou a vasculhar como um animal selvagem o seu bolso.

- Burguês safado! Aristocrata desgraçado. Vou pegar de volta o que eu pago de imposto.

- Ô meu Brandinho, não faz isso não homi, você sonega imposto, Januário.

- Calada, Betinha. Ei, o que será que tem nessa mala?

A maleta de Jorge continha uma máscara de pedra que não atraiu a atenção do feirista. Quando Januário iria procurar dinheiro no paletó do político, Jorge abriu os olhos num instante e agarrou violentamente e instintivamente sua mão.

- QUE SUSTO FILHA DA ****!! - gritou Januário.

- Berro! - berrou Betinha.

- Você estava me roubando?

- É... não... eu queria saber se você tinha algum...

- Não precisa se explicar. Minha esposa está bem? Ela morreu?

- Sua esposa? Eu não sei, eu não chequei o carro ainda, senhor governador.

- Ela morreu! Mas o bebê sobreviveu em seus braços. - Betinha exclama aos fundos.

- Graças a Deus. Que sorte do cão. - Respondeu Jorge aliviado mas sem se mover por conta de uma terrível dor nas costas.

- O quê? - Perguntou confuso Januário.

- Ah... pode levar minhas joias, leva meu dinheiro, minha carteira, que se dane. Vou ser eternamente grato pelo seu feito.

Januário continuava sem entender.

- Muito obrigado por ter vindo me roubar ao invés de ajudar minha mulher. A vagabunda tava me traindo. Ela ia me largar e eu ia me ferrar pra pagar pensão depois.

- Ih governador. Até o senhor levando gaia.

- Ninguém escapa... enfim, moço, qual seu nome?

- Januário Braga. Trabalho na feira da Juquinha.

- Januário Braga... Eu lembrarei do seu nome. Quando precisar de ajuda, me procure. Te deixarei com meu endereço.

Cafajeste sortudo... - Betinha pensava

Jojo ...Aventuras Abrasileiradas(?)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora