Entre Cores e Flores, o Despertar de Alec

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A primeira coisa que os olhos de Alec puderam processar, era que, apesar das paredes de pedra darem um ar rústico para o aposento, o quarto de Renata era cheio de cores e parecia ainda mais "vivo" quanto o aposento de Maximilian. A vampira não fugia aos padrões Volturi ao se vestir, estando sempre de preto ou vinho, com o brasão do clã pendurado em seu pescoço, mas o seu quarto deixava claro que aquele não era o verdadeiro gosto dela.

Sobre sua velha escrivaninha repousava um abajur branco de porcelana, ao lado de alguns livros de romance e um vaso também de porcelana repleto de flores coloridas. Nenhuma daquelas flores eram reais, mas pareciam, e suas cores variavam entre amarelo, vermelho e laranja, organizadas em um arranjo muito bonito.

As janelas tinham cortinas e, bem abaixo delas, repousava um divã feito de vime com estofado estampado. Abaixo de seus pés o vampiro se deu conta de que havia um grande tapete felpudo. O guarda-roupa foi redecorado com algum tipo de adesivo, cujas cores e estampa combinam tanto com o divã, quanto com as cortinas e as flores. E as paredes... Alec nem sabia o que dizer das paredes, repleta de quadros com pôsteres de filmes cujas histórias ela havia gostado e que se enquadravam no gênero romance.

— Alec? – chama Renata, interrompendo a fascinante avaliação do vampiro e chamando a atenção dele para si. Ele parecia embasbacado demais para se lembrar do porque estava ali, e a vampira não conteve um sorriso tímido.

— Seu quarto é... Diferente...

— Eu sei. – Dá de ombros. – Só não fique espalhando, são poucos os que sabem sobre isso... Para a maioria do clã, minha decoração não seria considerada boa para a reputação dos Volturis – cutuca suavemente, sentando-se na beirada da cama de lençóis amarelos com desenhos florais e batendo no local ao seu lado, convidando-o a fazer o mesmo.

Alec hesita, achando a vampira bastante diferente do que costumava ver na sala dos três tronos. Lá ela era calada e ali falava descontraidamente; lá era preto e ali era cores; lá era a sombra protetora de Aro e ali tinha a própria personalidade. Diante de todo o clã Renata era como ele, séria e de postura vil, mas ali, no refúgio de seu quarto, parecia ser o seu total oposto.

— Você disse que tinha algo para perguntar – recomeça a vampira, finalmente fazendo Alec aceitar o seu convite mudo para se acomodar ao seu lado.

O vampiro ainda parecia perplexo e deslocado quando se sentou, com bons centímetros de distância, deixando bastante claro para Renata o abismo que existia entre eles. Aparentemente, ela era três anos mais velha do que Alec, contudo, tendo ingressado no clã muito depois dele, a vampira sabia que o gêmeo Volturi era muito mais forte e experiente do que ela jamais seria.

— O que sabe sobre o amor? – pergunta logo de cara, fazendo o corpo de Renata estremecer.

— Isso é alguma pegadinha? Jane sabe que está me perguntando sobre isso?

— Não e não.

— E desde quando os gêmeos Volturis se interessam por algo desse tipo? Todo mundo sabe que vocês não gostam de sentimentos humanos! Eu sei que todo o clã me considera inferior, que só veem utilidade em meu poder, mas não vou deixar você vir até aqui, no meu quarto, somente para me ridicularizar!!! – desabafa, tensionando os músculos instintivamente para assumir uma posição mais defensiva.

— Será que você pode simplesmente responder a pergunta? – esbraveja ele, fechando o semblante em uma carranca e a deixando ainda mais desconfiada. Alec encara o outro lado do aposento, contrariado, observando o pôster do filme "Titanic" e sentindo os seus músculos relaxarem ao cogitar se, alguma vez, ele já tinha amado alguém que não fosse sua família ou amigo, um amor como daquele pôster, e como o de Carlisle e Esme, e como o de Edward e Bella. – Maximilian disse que, quando humano, eu era capaz de amar... Eu não me lembro como é isso... – admite com voz mais branda, voltando a encarar Renata, que ainda o analisava como se ele não fosse uma pessoa confiável.

Coração GeladoWhere stories live. Discover now