- Ah é? - ela cruza os braços e me olha com um sorriso - Cami, filha, acho que você não está prestando atenção em você mesma.

- A vida está corrida. - dou um risadinha só para descontrair - essa canja já está boa de esquentar.

- Fome?

- Uhum. - concordo e levanto, pego um prato fundo no escorredor - sempre estou com fome já deveria saber disso. - brinco enquanto começo a encher meu prato.

- Cami, vou direto ao ponto. - viro para ela com meu prato cheio e espero - você é muito inteligente e não sei como ainda não percebeu o que está acontecendo. - balanço a cabeça em negação.

- Não estou entendendo onde você quer chegar. - vou até a mesa e sento com meu prato - isso está com um cheiro ótimo.

Por algum motivo Marisol começa a rir, e não estou falando de um riso baixo, estou falando de uma risada alta de verdade. Começo a achar que ela está ficando maluca. Começo a comer observando sua risada ir diminuindo aos poucos.

- Você está grávida, Camila. - paro com a colher a meio caminho da boca - como não percebeu?

- Não estou. - encho a boca de comida e mastigo - me sinto bem.

- E porque se sentiria mal? Essa sonolência e enjoos só pode ser gravidez.

- Das outras vezes eu me sentia uma merda. - minha mãe da de ombros e senta - só consigo definir desse jeito.

- Sua situação não é a mesma, agora você é uma jovem feliz e saudável. Quantos quilos ganhou desde que voltou pra casa?

- 12 ou 15kg.

- Sabe quantos quilos pesava quando te encontraram?

- 43kg. - sussurro.

- Você não é mais a mesma garota, meu amor, seu corpo é saudável e pronto para receber um bebê. - minha mãe está falando com calma e um sorriso tranquilo - tenho certeza que vou ser vovó.

- Não pode ser. - ela arqueia a sobrancelha para mim e começo a rir - certo, pode. Mas eu estava tomando o remédio.

- Não esqueceu nenhum?

- Esqueci alguns. - dou de ombros - com todas as coisas acontecendo, mudança de casa, minha entrada na banda e os shows. - fico em silêncio e volto a comer minha canja.

Enquanto como faço as contas rapidamente em minha cabeça, mamãe continua sentada me observando com um sorriso calmo. Ela parece não ter dúvidas, e conforme vou fazendo as contas percebo que ela pode mesmo estar certa.

- Eu menstruei mês passado, foi pouco e achei meio estranho porque era escuro e durou só uns 2 dias. Mas pensei que era por causa do remédio.

- Porque não me falou nada?

- Cheguei a conclusão de quer era por causa do remédio e  não pensei mais nisso. - dou um última colherada e empurro o prato vazio - preciso comprar um teste.

- Já comprei. - fala com um sorriso vitorioso - e não acredito que percebi antes de você e do KJ.

- Não se gabe muito. Cadê o teste?

- Lá em cima. Vou pegar.

Estou em um misto de ansiedade, nervosismo e alegria. Não quero tirar conclusões, não quero acreditar antes de ver o teste. Pode ser um alarme falso, pode ser qualquer coisa além de um bebê. Não quero me decepcionar demais caso o teste dê negativo, mas sei que pensar assim também é em vão porque não tenho nenhuma outra ideia.

Stolen Life (Repost)Where stories live. Discover now