My dear and beloved secret

A outra parte da família

– O que vocês acham de sairmos pra algum lugar? – Murilo fala sussurrando.

– Eu topo! –Lukas diz empolgado.

Sigo eles até a frente da casa, nós conversamos sobre para onde deveríamos ir, decidimos ir à "Cafeteria da Vani" é uma lanchonete bastante popular daqui da cidade, a dona dela é uma das idosas mais fofas e gentis que eu já vi, por favor não deixe minha vó saber disso!

– Faz tempo que eu fui lá. – Murilo diz. – Será que ainda vendem aquele chocolate quente?

Chegando na lanchonete sentamos em uma mesa que estava no centro, a própria dona do local que atende os clientes, ela deve saber que tem uma simpatia única.

– Olá, garotos! O que querem?

Murilo pede o tão esperado chocolate quente, eu peço um bolo de coco e Lukas pede o mesmo. Após comermos o que pedimos ficamos conversando um pouco mais, Murilo mudou muito dês da última vez que veio para cá, ele até parece ser uma pessoa legal. Por alguma razão, eu olho para a porta da lanchonete e vejo Bella e Sophie, elas não me viram, eu penso em ir falar com elas, mas desisto rapidamente dessa ideia, digo aos meninos que era melhor voltarmos logo para não dar nenhum problema, eles concordam, mas antes que eu consiga me levantar alguém pega em meu braço.

– Samuel Dias? – A dona da lanchonete diz. – É esse seu nome?

– S... Sim.

– Poderia dar isso ao seu pai, por favor?

Eu assinto com a cabeça, ela coloca um papel em minhas mãos, procuro Lukas e Murilo, mas quando saio da lanchonete só vejo Murilo apoiado em um banco.

– Para onde Lukas foi?

– Ele disse que precisava ir pra casa.

Domingo, 15 P.M.

Em casa, meus tios decidem jogar um jogo de tabuleiro antigo com todos de lá, na hora que cheguei em casa minha mãe havia me avisado sobre Erick, ele foi para a casa da vovó e do vovô hoje cedo, mesmo ainda estando estressado com ele, espero que ele fique bem por lá. Depois de horas jogando aquele troço, meu tio pede uma pizza de calabresa e cogumelos, minha tia e mãe ficam conversando na cozinha enquanto eu guardo todas as peças do jogo na caixa com a "ajuda" de Miguel. Quando a pizza chega nos juntamos todos na sala de jantar, onde também é a cozinha, comemos a pizza e, como eu odeio cogumelos, como quase toda a parte de calabresa.

– Não precisa usar o guardanapo cada vez que dá um mordida. – Meu tio rir.

Odeio quando alguém fala isso, é algo tão sem necessidade, será que eles não sabem o que é higiene?

– Então, quando vocês vão embora?

– Samuel! – Minha mãe diz, batendo em meu braço.

Eu peço licença e subo para o banheiro do meu quarto, tomo uma ducha rápida apenas para me acalmar, visto uma cueca samba canção dos Simpsons, já indo em direção a minha cama escuto alguém batendo na porta, volto para abrir, meu tio fala algo inaudível e entra no meu quarto.

– O que disse? – Eu pergunto, encostando a porta.

– Desculpa, Samuel. Eu não devia ter lhe falado aquilo. Era pra ser engraçado.

– E foi. Você não me ouviu rindo?

– Não faça isso, garoto. Não quero acreditar no que seu pai me disse...

– Espera. O que ele disse ao senhor?

– Nada demais...

– Ah, fala sério! O que ele disse?

– Você está mudando, crescendo e sendo cada vez mais arrogante e mostrando mais e mais trejeitos... Gays.

– Marcos! – Minha tia grita do andar de baixo. – Venha cá, querido!

– Já vou! – Ele grita para ela. – Eu vou indo, Samuel.

– Melhor mesmo! – Eu falo, mas duvido que ele tenha ouvido, infelizmente.

Tranco a porta e, finalmente, me deito em minha cama, atordoado, volto a pensar em tudo que já ouvi relacionado aquilo...

"Trejeitos Gays", "As pessoas podem achar que você é gay", "Gay".

Eu nunca tinha ouvido esses comentários na minha vida, na verdade, acho que comecei a ouvi-los quando estava próximo dos meus amigos, meu pai pode estar certo, eu posso ser como eles, as pessoas devem achar que eu sou como eles, mas eu não sou! Eu não sou assim, talvez eu tenha que me afastar deles como meu pai disse... Essa pode ser a melhor opção...

CONTINUA...