Ao terminar de ler a carta percebo que o meu rosto está banhado por lágrimas.

Sinto falta dessa maluca, mas não posso voltar a ter nada com ela, afinal não tenho confiança alguma.
Estou morando temporariamente em São Francisco, decidi vir ficar um tempo aqui por saber que não conseguiria ficar tão próximo a Luiza sem cair em tentação. A amo, mas preciso me colocar como prioridade, aprender a me valorizar.
Os últimos dias ao lado da Luiza foram torturantes, pois eu sempre tinha medo de deixá-la sozinha. Ao conviver com ela percebi que todos romantizam a convivência com um alcoólatra. O alcoolismo é uma doença, e como qualquer outro doença precisa de um acompanhamento médico especializado.

Uma parte do meu coração está em paz por saber que finalmente ela está se tratando. Se ela tivesse aceitado ajuda antes daquela noite hoje poderíamos estar juntos. Mas o destino claramente não quis tal coisa, pois preferiu nos afastar.

Dobro o papel colocando-o novamente no envelope, guardando-o no bolso do blaser. Levanto-me seguindo até o andar de cima, me refugiando no quarto. Sento na poltrona, abrindo a gaveta do criado mudo, pegando as diversas fotos da Luiza, esboçando um sorriso diante da beleza dessa mulher. A falta dela é agonizante.

Por que o destino resolveu nos afastar? Por que tudo não poderia ser tão simples? Por que eu simplesmente não posso deixar de amá-la?

♥️

Batidas fortes na porta me fazem deixar o notebook de lado, murmurando um "entre".

― Não vai descer para jantar conosco? ― Pergunta se apoiando no batente da porta. ― Todos estão a sua espera, inclusive Lorena e as crianças.

― Estou sem fome.

― Sua mãe me contou da conversa que teve com você durante a tarde. Ela está preocupada. ― Dá alguns passos em minha direção, parando a minha frente. ― E eu também estou preocupado.

― Estão se preocupando sem motivos.

Desvio o olhar.

― Sem motivos? ― Arqueia uma sobrancelha, cruzando os braços, lançando um olhar ameaçador em minha direção. ― Você já nos deu inúmeros motivos, tantos que eu poderia lista-los. Noah, você é o único que pode mudar a sua situação, e no fundo tem consciência disso.

― Aceitar uma traição?

― Você ao menos sabe o que aconteceu naquela noite, Noah? ― Pergunta, recebendo meu silêncio como resposta. ― Pelo que nos contou sequer aceitou ouvir a versão da Luiza. Filho, nós nunca devemos levar uma verdade absoluta antes de ouvir a história de ambos os lados. Caso queira descer para jantar conosco será bem-vindo. ― Sussurra antes de se retirar do quarto, me deixando a sós com meus pensamentos.

Encaro o celular por minutos a fio. Respiro fundo pegando o aparelho em mãos digitando o número da Manuela rapidamente, aguardando que ela atenda. A vontade de saber como Luiza está é maior que todo o meu orgulho. Preciso ao menos saber se ela está realmente bem, e ligar diretamente para ela não é uma opção plausível.

― Boa noite, Manuela! ― Murmuro assim que ela atende a ligação.

― Boa noite, Noah! Como você está?

― Estou levando. ― Mordo o lábio inferior, buscando coragem para continuar. ― Como Luiza está? ― Pergunto caminhando até a sacada do quarto, sendo abraçado pelo vento gélido da noite.

Você Não Soube Me Perdoar (Concluído)Where stories live. Discover now