Capítulo 4

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Capítulo 4  

Eu e Edward viajamos por dez dias, daqui a mais sete eu encontraria minha família e tudo ficaria bem, eu gostava muito de Edward apesar de seu jeito sabe tudo, ele sempre me fazia rir e ele era bonito também, era ele que fazia com que eu não morresse de fome, outro dia ele caçou um raposa e eu armei a fogueira, nós comemos, é como se a gente se completasse, eu penso e ele faz, simples assim. 

Nós estamos passando em frente a uma ponte com guarda real reforçada, Edward olha fixamente para eles, é como se ele conhecesse aquela gente, como se ele reconhecesse a situação, como se estivesse acostumado, ele nem tremia e eu estava um turbilhão de nervos, minha cabeça se ocupava com pensamentos do tipo eu nunca encontraria minha família e seria tarde demais quando eu chegasse, ou pior, se eu e ele fossemos barrados aqui e eu nunca chegasse. 

Edward me deixou escondida atrás de um arbusto enquanto ele ia ao rio tomar banho e pegar água para nós, ao me abaixar lá, minha cabeça foi para o quarto dia, eu havia acabado de acordar e estava deitada no peito dele, os flashes de memória voltaram para a minha cabeça,  eu lembrei de ter quase sido estuprada e de ele ter quase matado alguém para me proteger, no dia seguinte eu acordei ainda um pouco abalada com o que tinha acontecido, então nós fomos para um lago, ele me ajudou a entrar e lavou o meu rosto, depois nós jogamos água um no outro como duas crianças se divertindo, ele fazia o tipo protetor, eu adorava isso, porque na minha família era eu quem protegia e pela primeira vez na minha vida estava experimentando a sensação de ser protegida. Depois de nos secarmos nós continuamos a longa caminhada e ele sorria o tempo todo, eu estava gostando da sensação de tê-lo comigo, eu me sentia bem, era tão estranho, eu gostava dele, eu realmente gostava, mas por algum motivo sentia que não era reciproco, talvez eu estivesse me adiantando demais, quero dizer, foram apenas dez dias, dez dias não são o suficiente para você se apaixonar por uma pessoa certo? Talvez fossem. 

Depois de uma hora Edward estava de volta,  ela achou estranho ele ter demorado tanto, mas depois percebeu que ele estava com sangue no rosto e nos braços, e logo depois que ele apareceu um cavalo estava logo atrás, ela queria muito ouvir aquela história: 

-Pode começar falando. - ela disse. - eu tenho todo o tempo do mundo. 

-Se quiser salvar sua família não tem tanto tempo assim. - ele ironizou.- e a história não vai demorar tanto tempo assim, ela é bem curta na verdade. 

-Então me conta. 

-Bom eu estava indo pegar nossa água, eu vi alguns guardas reais acampando, achei que eles iriam reconhecer um prisioneiro, então eu peguei a espada do seu pai e fui andando até o rio normalmente, eles me olharam e claro, eles me atacaram, eu revidei com a espada, matei os dois, peguei nossa água e vi que eles tinham um cavalo e achei que o cavalo seria útil para ajudar a gente a carregar as coisas. - ele disse que matou duas pessoas e um tom tão normal que eu me assustei, mas por outro lado eu gostava bastante de cavalos. 

-Como você matou dois guardas sendo que você é um camponês e não tem treinamento? 

-Você sabe pouco demais sobre mim, Lize. Meu pai lutava para o rei, quando ele se aposentou ele me ensinou como lutar, então eu sei. 

-Certo, eu tenho que parar de julgar, agora deixa eu ver esse seu machucado. - ele estendeu o braço e eu vi que era um corte pequeno na horizontal, porém profundo, peguei um pano e molhei na água que ele tinha trago em um balde, passei delicadamente em cima do ferimento, ele soltou um gemido de dor, mas depois ele se acostumou, eu ainda usava a camisa dele, porque meu vestido tinha sido destruído pelo estuprador, eu peguei a faquinha e cortei um pedaço dela e coloquei-a sobre o machucado dele, fazendo pressão e amarrando para que o sangue parasse de sair. Quando eu terminei o trabalho ele encarou o próprio braço para avaliar e por fim disse: 

-Você é boa nisso.  

-Eu tenho que cuidar de muitos doentes sozinha. 

-Você faz outra coisa que não seja julgar, gostei. 

-Cala a boca e diz como nós vamos passar pela ponte. 

-Nós vamos passar, simples assim.  

-Com toda aquela guarda ali e se nos pegarem? 

-Eles não vão. 

-Como você sabe? 

-Fica quieta e trás o Joe. 

-Joe? 

-O cavalo. 

-Como sabe que não é uma égua? 

-Ele tem um pênis, olha embaixo das pernas dele. 

-Você é nojento. 

-É parte do meu charme, agora pega ele e vamos. 

Eu obedeci, peguei Joe e nós andamos, ao nos aproximarmos da ponte os guardas estavam nos olhando, Edward passou com a cabeça erguida e os guardas tremiam, só faltaram fazer um reverência para ele, o que eu não entendi, afinal ele era um zé ninguém, eu passei tranquila e aquelas pessoas olhavam pra mim como olhavam pra ele, talvez fossem muito burros, era a única explicação: 

-O príncipe bom está voltando. - alguém disse, falando para Edward, ele sorriu e não falou nada com a pessoa, que por acaso era uma velhinha, estaria ela falando de Harry? Mas por que ela estava falando isso para Edward? O que ele tinha haver com isso? 

Ao passarmos pela ponte nós chegamos em um pequeno vilarejo, Edward disse que um amigo da família morava ali e que poderíamos passar a noite na casa deles, era engraçado como Edward parecia conhecer toda a Inglaterra com a palma da mão, eu gostava. Andamos por meia hora até chegarmos a uma casa de pedra grande, a porta de madeira maciça era enorme, eu diria que mesmo um gigante passaria por ela, Edward bateu a campainha e uma mulher jovem com um bebê no colo abriu e o abraçou tão forte que eu jurava que ela poderia ser a esposa dele, ele a abraçou e sussurrou algo pra ela, logo depois ele abriu os braços e me puxou para mais perto da entrada da casa: 

-Essa é a Elize, uma amiga. - ele disse me apresentando para a mulher, ela estendeu a mão e eu apertei calorosamente, ela abriu espaço para que nós entrássemos e nós o fizemos, a casa era toda mobiliada, havia tapeçaria chique e grandes janelas bem limpas, havia também uma escada, era a maior casa em que eu já havia estado. 

-Ed, vocês podem ficar no quarto de visitas, lamento ter só um quarto, eu tenho tantos filhos que os outros quatro já estão ocupados. 

-Muito obrigada Catherine, nós dormimos dias na floresta, dividir um quarto não vai ser o fim do mundo. - ele disse sorrindo. - onde está Jack? 

-Tratando assuntos na capital, ele vai estar de volta daqui a dois dias. 

-Bom nós vamos embora amanhã de manhã, diz um oi por mim. - ele disse para ela que afirmou com a cabeça. - eu estou cansado, imagino que Lize também, vamos dormir e amanhã durante o café antes que a gente continue a viagem, nós podemos conversar. - Ele colocou um braço por trás dos meus ombros, nós subimos as escadas, quando estávamos no último degrau, Catherine gritou: 

-Ed, você soube que o príncipe bom está de volta? 

-Eu ouvi algo assim. - ele piscou para ela e nós fomos para o quarto.

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