Capítulo 1

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Capítulo 1 

Minha irmã segurava a minha mão forte, ela estava assustada, o suor escorria pela minha pele, minha respiração estava difícil, eu via a vila onde morava toda destruída, as casas queimando, tudo estava vazio, não havia uma alma sequer rodando as pequenas ruas, eu observei o cenário apocalíptico por alguns segundos, logo depois eu apertei forte a mão de Anna Beth e disse para ela que nós iríamos para a casa e que tudo ficaria bem. 

Eu andei cabisbaixa, não queria ver a destruição, mas ao mesmo tempo eu me sentia presa dentro de um pesadelo, sentia que aquilo era apenas mais alguns dos meus sonhos psicopatas e sem nexo, ao chegar em casa a porta estava escancarada, eu entrei tentando não fazer barulho, um cheiro de queimado pairava no ar, falei com Anna Beth que eu iria checar a cozinha e disse para ela ficar na sala e não se mexer, fui até a cozinha e vi que o pão que estava no forno havia queimado, ele literalmente estava preto e duro, parecia um carvão, peguei um pano e tirei o pão, passei a mão na testa aliviada, quando eu ouvi um barulho na sala, pessoas estavam andando e Anna Beth falou algo sobre nossos pais, eu estava indo ver o que acontecia quando senti uma mão sobre minha boca, braços fortes me envolveram e uma voz masculina sussurrou no meu ouvido ” calada”, nós nos encolhemos em um canto e era difícil saber o que estava acontecendo, a voz da minha irmã tinha desaparecido e os passos pareciam mais próximos do que nunca, foi ai que eu vi guardas segurando uma bandeira com o brasão real nela, Anna estava de mão dadas com um deles, eles fizeram uma visão panorâmica da cozinha, mas eles não nos viram, depois de aproximadamente cinco minutos eles deixaram a casa e a pessoa que me segurava tirou as mãos da minha boca me permitindo falar: 

-Quem é você? - eu consegui analisá-lo melhor já que ele estava parado em minha frente, seus cabelos castanhos cacheados eram grandes, na altura do pescoço, ele tinha braços fortes e seu rosto era bonito, o maxilar era bem definido, seus olhos eram verdes esmeralda, o nariz se encaixava perfeitamente no rosto, os lábios eram finos e pareciam ter sidos desenhados por um artista, o tom rosado os deixavam ainda mais destacados, ele era definitivamente a pessoa mais bonita que eu já havia visto e o mais estranho, eu tinha a sensação de conhecê-lo de algum lugar. 

-Edward, é meu nome. 

-Eu fui buscar medicamentos com a minha irmã em um vilarejo vizinho e quando eu voltei, a minha casa estava destruída, guardas reais estavam aqui e eles levaram a minha irmã, que por acaso tem apenas oito anos, eu quero saber tudo, o que aconteceu e o que você está fazendo aqui, por que você me segurou, o que está acontecendo? - eu estava frustrada, uma mistura de ansiedade e angústia me atingiam e eu não tinha ideia do que fazer, eu suspirava enquanto o encarava esperando por uma resposta, porque ele abria a boca e fechava repetidamente, mas não emitia um som sequer. 

-Eles levaram as pessoas, incluindo as crianças, o rei precisa deles, para um trabalho, eles fizeram a mesma coisa com a minha vila e assumo que farão com mais algumas, até chegarem a Londres, eu escapei, eu estava preso também e eu te segurei para te salvar do destino horrível. - ele diz mordendo o lábio inferior e olhando para a parede, como se ele não estivesse falando para mim, como se muitas pessoas ocupassem a minha cozinha, o que era estranho porque éramos as únicas pessoas naquela casa, ou melhor na metade do país. 

-De onde você é? 

-Cheshire, estamos em Kent, não muito longe da capital. 

-Eu deveria ter ido com a minha família, eu tenho três irmãos, uma irmã e meu pai está muito doente, eu não podia abandoná-los, você não tinha que ter me segurado, só porque você queria fugir isso não significa que todos queiram, isso foi egoísta, Edward. 

-Me desculpe, mas acho que eu te salvei de algo terrível. 

-E de que adiantou? Eu vou ficar sozinha, sem a minha família e isso é horrível, eu os amo, você não tem família? Eles não os pegaram ao passar por Cheshire? 

-Eu não tenho família. 

-Eu sinto muito, mas não é assim para todo mundo, você pode ficar sozinho eu vou procurar a minha família. 

-Eu não iria hoje se fosse você, primeiro você não tem suprimentos e nem armas, segundo está chovendo e eles estão bem longe daqui, outra coisa, você não me disse o seu nome. 

-Meu nome é Elize e eles vão ficar ainda mais longe se eu não andar rápido. - eu levantei a saia do meu vestido e sai de casa, eles deviam ter ido pela floresta, eu subi a ladeira e entrei no meio das árvores, para tentar fugir da chuva, as folhas me protegeriam e eu os acharia mais rápido, depois de algumas horas andando eu decidi sentar para descansar, eu estava faminta, Edward estava certo quanto aos suprimentos, eu precisaria deles, para a minha sorte eu estava sentada embaixo de uma macieira, não era época de maçã, mas havia uma em um galho alto, eu prendi a saia entre as pernas e comecei a escalar a árvore, eu segurei forte no tronco e minhas mãos ficavam sujas e arranhadas, minha saia desprendeu de minhas pernas, o que dificultou a minha subida, a chuva deixou o tronco escorregadio, eu estava em cima da árvore quase alcançando a maçã, quando senti minhas pernas fraquejarem, minhas mãos soltaram e eu só sabia que estava caindo, bati com cabeça forte no chão e isso é a última coisa de que eu me lembro.

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