4 - Como (ou não) se aproximar de alguém

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Eu me estranhei, pois estava reparando demais na sua aparência e vestimentas. Fiquei fitando seus olhos, seu cabelo... 

E seus lábios muito, muito rosados.

Droga, Scott, que merda você estava...

— Oi, Scott. — o nerd interrompeu meus pensamentos. — Pensei que não malhasse essa hora. — virou o rosto e continuou a se exercitar. 

— Estou atrapalhando? — perguntei.

Ficou um silêncio breve. 

— Não. — respondeu, seco. 

E aí o silêncio voltou. Seguimos  malhando, até eu dizer o que estava querendo há muitos dias. 

— Eu estou obcecado pelas histórias da Mulher Maravilha. 

— É mesmo?

— Sim.

— Bom, então o que eu dizia era verdade, não é?

— Do que se refere? — perguntei.

— De como as histórias da Mulher Maravilha estão ali para quem quiser ler, seja homem ou mulher. 

— Ah, sim. — soltei um riso frouxo. 

— E isso não te fez menos homem, certo?

— Certo, nerd. Você está certo, ok? — olhei pra ele. — Eu acredito que já tenho umas onze ou treze revistas dela, por aí. 

— Eu tenho muito mais. 

— Quanto mais?

— Eu não sei de cabeça, mas sei que não chega perto da sua quantidade fajuta. — o nerd deixou os pesos no chão e riu, olhando pra mim. 

Eu ri também.

Passei a noite malhando enquanto o acompanhava e conversava com ele. Conversávamos sobre todos os tipos de quadrinhos que você possa imaginar. Eu nunca achei que poderia conversar tanto sobre isso com alguém e estava muito feliz.  Até as histórias mais desconhecidas que eu adorava o nerd também conhecia, impressionante. 

Não liguei para os exercícios que costumava fazer na minha rotina na academia. Nessa noite eu só ia repetindo os mesmos exercícios que ele fazia e torci para que ele não achasse estranho e me perguntasse sobre isso. Não queria dizer "Estou fazendo os mesmos exercícios que você pra podermos continuar conversando enquanto malhamos juntos". 

— ...e então é por isso que os gibis do X-Men são os meus favoritos. — concluí. 

— Entendo. Eu também gosto muito, mas não sei dizer quais os meus preferidos... — me respondeu, arrumando sua mochila e a colocando nas costas. — Bom, preciso ir.

— Mas já!? — me levantei do assento no qual descansava um pouco, surpreso.

— Sim... — ele soltou uma risada. — Não viu a hora?

Olhei para o relógio que usava no pulso e percebi que já eram nove e meia da noite e a academia estava se esvaziando. 

— Não. — ri ao levantar o olhar pra ele, sem graça. Passei a mão no cabelo que estava encharcado de suor. 

Quando o amor é pra sempre (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora