– Tá.

– Tá pra vamos ou tá pra vamos ficar aqui?

– Pra vamos, Juniper. – respondi, rindo. – Eu só não posso garantir que vou me sentir bem o passeio inteiro. Mas vou tentar, juro.

– Vou confiar, viu. – ela disse, se levantando da cama e pegando algo em seu armário. – Enquanto você tava dormindo eu separei uma roupa. Sua cara, né?

Ela jogou um vestido na cama e assim que o peguei pude perceber como era lindo. Era amarelo com algumas flores bordadas na saia, com as mangas caídas no ombro e com um tecido leve, o que me agradava.

Tomei um banho rápido e logo em seguida coloquei o vestido. Aproveitei pra pentear meu cabelo que ultimamente mais parecia um ninho de rato, já que eu quase não penteava e o vento misturado com a maresia não ajudava muito. Coloquei também um casaco fino, já que apesar de estar quente lá fora parecia também estar com um ventinho.

Antes de sair do quarto me dei a liberdade de me olhar rapidamente no espelho. Não era uma coisa que eu fazia com muita frequência, somente quando Juniper me falava pra fazer. Eu acho que lá no fundo não gostava muito de ver essa pessoa no espelho.

Mas, dessa vez e por vontade própria, eu encarei esse reflexo que já não parecia ser alguma pessoa desconhecida. Parecia ser realmente eu. E eu fiquei feliz em me ver assim, confortável na minha própria pele.

– Sol, tá tudo bem? – Perol perguntou, se apoiando no portal. – Se estiver pronta, podemos ir.

– Sim, tudo bem. – eu disse, dando um leve sorriso. E, pra falar a verdade, eu até que estava bem. Eu não sentia medo de ir pro barco mas sim das possíveis reações que eu poderia ter estando lá.

– Que bom. Vamos estar do seu lado o tempo todo, tá bom?

Eu sorri novamente e segui com ela para a escada. Eu me sentia muito feliz de ter uma figura tão próxima da figura materna como Perol era pra mim. Saímos da casa e fomos andando até o cais, onde um pequeno grupo de pessoas aguardava.

Depois de cerca de 10 minutos, todos começaram a subir no barco. Foi aí, vendo as pessoas se aconchegando nos pequenos bancos do barco, que eu me dei conta de que isso realmente estava acontecendo. Até então eu distraia a minha mente com pensamentos positivos e sequer me deixei pensar muito sobre o fato de que eu estaria em um barco. Um barco no mar. No meio do mar. Com ondas. Talvez o meu medo em si, naquele momento, não fosse do mar. Mas e se o barco afundasse? E se balançasse muito?

A sereia que me salvou já não estava mais viva pra me salvar novamente e, sinceramente, não confiava de que Nonahir faria isso por mim. E, se o barco afundasse, o que aconteceria com todos que estão comigo? Como eles iriam se salvar? Como eu poderia...

– Sol? – a voz de Charlie me despertou dos pensamentos negativos que tomavam conta da minha cabeça. – Vamos?

– Vamos. – eu disse isso, mas claramente minha expressão dizia o contrário. Olhei ao redor, percebendo que todos já estavam acomodados no barco menos nós dois. Juniper e Perol me encaravam, preocupadas.

Eu estava com medo. E não seria fácil admitir isso com facilidade porque, de tantas coisas que fiz e vivi, sentir medo de estar em um barco parecia me fazer a pessoa mais fraca e medrosa do mundo.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 09, 2020 ⏰

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