Vizinhos temperamentais e o clube de leitura

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— Meu Jesus, isso só pode ser um carma — murmurei baixinho para que ele não escutasse.

Eu e o loiro continuávamos nos encarando. Como posso não ter percebido que ele é o dono desse haras? Meu olhar chega tremeu para não desviar dos seus olhos para o seu corpo sarado. Ele era um tremendo imbecil, mas não tenho como negar que tem um corpo de matar. Uau!

— Você vai ficar muito tempo me encarando ou vai dizer o que veio fazer aqui? — Apontou para a xícara na minha mão.

— Eu não quero nada, só perdi meu tempo vindo aqui. — Empinei meu nariz e virei de costa para ele, descendo os degraus da varanda.

— Menininha estranha. — Escutei ele dizer e meu sangue ferveu me fazendo virar e encará-lo, ninguém chama Bianca Dantas no diminutivo.

— Menininha é a sua mãe, seu xucro, imbecil. Eu sou muito mais mulher do que essa loira oxigenada que atendeu a porta. Olhe lá como fala de mim! — gritei e atirei a bolinha que a cachorra estava brincando nele. Virei de costas e sai andando.

— Você só pode ser louca. — Ele gritou de volta e escutei a porta fechar com força.

— Não acredito que isso aconteceu. Xucro, maldito, filho de uma mãe, gostoso pra caramba! — disse para mim mesma brava. Onde já se viu me chamar de menininha, nada em mim merece o apelido. Tenho um metro e sessenta e dois, corpo de violão que veio como herança da família da mamãe, pele branca como leite, olhos castanhos e cabelos que agora foram pintados de ruivo. Bufando, liguei minha lanterna voltando para o chalé. Tirei meus tênis e entrei em casa encontrando meus amigos com olhares curiosos.

— Por que a xícara está vazia? — perguntou Evelyn.

— Não quero mais participar dessa brincadeira — resmunguei. — Acredita que o mesmo caubói que estava atrás do Pégaso é o dono do haras? Ainda paguei maior mico porque deixei claro que acreditava que ele era um funcionário. Ele é muito folgado, não quero nunca mais encontrar com ele.

— Difícil bebê. Você está morando em uma cidade que é do tamanho de um ovo, uma hora ou outra vai se esbarrar com ele novamente — respondeu Carlos sorrindo.

— Eu vou fazer com que isso não aconteça! — afirmei.

O que eu afirmei há três dias não foi o que aconteceu. Fui ao supermercado, encontrei com o boy. Fui até a loja de materiais para construção do Dorian, ele apareceu. Estacionei em frente à floricultura, ele estacionou atrás. O ponto alto da perseguição foi quando eu estava comprando absorventes na farmácia e fui até o caixa pagar a compra, ele foi para o caixa ao lado, pigarreou para chamar a minha atenção e ao olhar, ele fez questão de pegar todo o estoque de camisinhas que estava pendurado e colocar dentro do cestinho de compras dele. Como uma forma de provocação.

Não poderia deixar toda aquela cena passar em branco, paguei minhas compras e encarei seu olhar surpreso de quem não esperava uma aproximação. Colei a frente do meu corpo na lateral esquerda dele, subi meu braço direito em direção a sua nuca e enquanto escorregava minha mão por toda a extensão das suas costas, peguei a camisinha de morango da sua cesta e lambi de forma sensual a embalagem. Quando minha mão escorregou chegou ao topo do seu bumbum, depositei a embalagem da camisinha no balcão.

— Eu amo morangos, caubói — disse com a minha melhor voz rouca e sensual. — Só fico decepcionada por estar levando uma camisinha do tamanho P. Tão grande e forte — passei a mão no seu peitoral —, mas o brinquedinho é assim ó — fiz sinal de pequeno com o dedão e o polegar, escutando a risadinha de uma garota que estava na fila. Em uma súbita coragem, fiquei na ponta dos pés e depositei um beijo em seu pescoço e sai andando balançando meus cabelos presos em um rabo de cavalo, deixando-o de boca aberta com minha ousadia.

Amor & AmizadeWhere stories live. Discover now