Viagem ao Interior

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— Quando a Chayla deu a ideia de irmos para o interior, pensei que estaríamos acomodadas em um carro decente

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— Quando a Chayla deu a ideia de irmos para o interior, pensei que estaríamos acomodadas em um carro decente. Nunca imaginei que ela pegaria essa caminhonete caindo aos pedaços do primo dela ­­­— resmungou Gabriela do banco detrás.

— Cale-se. Você não deu uma ideia melhor porque não quis. Faltam apenas mais quarenta minutos para chegarmos à cidade, só falta eu pegar a Castelo Branco — disse Chayla referindo-se à estrada. — Além de que meu primo ia dar esse carro para o ferro velho, não está fazendo falta para ele.

— Você me deixou muito mais confortável sabendo que estamos literalmente em uma lata ambulante que pode parar a qualquer momento. O caminho poderia ser mais curto, minhas pernas agradeceriam por isso. Vick eu já disse que você engordou? Está esmagando minhas pernas — reclamou Camila que tinha Vick sentada em seu colo e recebeu de volta um beliscão no braço. Era isso ou alguém teria que vir escondido na caçamba ou amarrado no teto.

Sim, fomos imprudentes nesse quesito.

— Meninas, tenham calma que estamos chegando e vamos ficar mais confortáveis saindo desse carro. Vamos nos concentrar em toda a aventura que iremos passar a partir daqui, transformar essa pousada em um Hostel vai ser maravilhoso. Pensem em todas as pessoas que vamos conhecer, as histórias que serão compartilhadas e as amizades que faremos — falei suspirando. — Vai ser uma experiência para levar pela vida. Já comentei que amo vocês ainda mais por terem aceitado minha proposta e temos feito essa compra juntas? — Escuto um "sim" coletivo e um "paga a pizza do dia" vindo da Evy e seguimos viagem.

Deixar tudo para trás foi difícil para algumas de nós e um alívio para outras. Como eu sempre me mantive em constante movimento, essa é a primeira vez que tento me estabilizar em um lugar. Nasci no litoral de São Paulo e durante minha infância passei muito tempo viajando para o interior, então estar em um lugar com verde e animais não é um problema para mim. Durante minha adolescência sai para descobrir o mundo, conheci a América do Norte, Europa e Ásia. Tomei gosto por isso e ninguém conseguiu me parar.

Conhecer as meninas e montar nossa sociedade secreta de leitura foi algo que me agarrei com unhas e dentes e não me arrependo. Hoje temos uma amizade magnífica e sincera.

A primeira que conheci foi a Victória. Nos conhecemos em uma Bienal do Livro, foram três horas de conversa enquanto esperávamos para conseguir o autógrafo da nossa autora predileta. Descobrimos que fazíamos parte de um grupo em comum e deste grupo formamos um terceiro com garotas milimetricamente selecionadas. Acabou que as doidas por leitura foram Vick, Chayla, Camila, Gabriela, Evy e eu.

Com mais de dez anos de amizade nas costas, resolvemos empreender juntas, foi aí que vi o anúncio de uma pousada vizinha a um haras que estava à venda a preço de banana, apresentei às meninas e vimos naquele pedaço de terra a oportunidade de começarmos algo nosso.

Fizemos uma visita à propriedade no mês passado e chegamos à conclusão que a reforma demoraria bastante. A pousada estava caótica e não poderíamos fazer dela um lar provisório para nós, o que nos salvou foi que nos fundos da propriedade, havia um chalé onde o antigo caseiro e sua família utilizava como moradia. Era um chalé simples, mas havia dois quartos e um escritório, que transformamos em um terceiro quarto e assim nos dividirmos, duas para cada um. Contava também com dois banheiros e uma sala com cozinha americana.

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