II

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Caminhamos em meio à pessoas sóbrias, bebadas,felizes...ruas cheias de pessoas vazias como eu. Durante nosso percurso apenas trocamos alguns olhares, poderia percorrer este caminho de olhos fechados de tantas vezes que já vim aqui.


É um pequeno apartamento que comprei há algum tempo, perto do centro nervoso das ruas, minha zona de conforto, perfeito, no qual gosto de exercer meu poder sobre as pessoas que ousam aceitar ficar comigo. Não poderia dizer que se trata de um refúgio mas, da realização de uma vida paralela que me excita.

Chegamos, subimos alguns degraus e entramos. Não há móveis na sala, na cozinha um microondas e uma cafeteira, no banheiro um armário com toalhas e lençóis alem de produtos de higiene, no quarto um frigobar e...a cama. Grande, imponente e confortável, como deve ser. 

É sobre ela que me realizo, pelo menos até tudo acabar. Patético mas, necessário. Minha vida é assim. Me orgulho de fazer muitas coisas importantes, porém, tenho um problema, não sei se seria realmente considerado um problema mas, não consigo transar com homens, não consigo lidar com o domínio nato que eles impõem sobre tudo.

Toda essa testosterona na cama, seria como travar uma batalha em quem iria ter o poder sobre o outro, o controle sobre o sexo e disto eu não abro mão, pois acaba quando eu disser que acabou. Não gosto de ser dominada, eu quero dominar, impor meus desejos, minha vontade...

Aguardo minha companhia na cama, admiro-a intensamente, gosto de observar o corpo feminino, é sedutor, sexy. A noite segue, o sexo é bom, forte e correspondeu perfeitamente às minhas expectativas. Ambas estamos satisfeitas. Mas não haverá vínculos entre nós mesmo após toda nossa intimidade ter sido exposta em cima da cama.

Após um banho quente, nos despedimos e cada uma segue seu caminho, sem promessas, apenas um breve sorriso e um adeus. Na volta para casa, as ruas agora estão quase vazias, é alta madrugada. O corpo está satisfeito.

Tenho que dormir apenas por umas poucas horas, é verdade pois o sexo demorou um pouco mais que o normal, para encarar mais um dia de trabalho. Em meio a um sonho agradável, um dos poucos que tive ultimamente, o alarme do telefone toca insistentemente me despertando e lembrando de minhas responsabilidades.

Cheguei à empresa, mesmo com o corpo cansado e ainda com sono, sem atrasos. Ao passar pelos corredores vejo o respeito no olhar das pessoas ou o medo. Gosto disso.

- Bom dia senhora. 

Tratamento formal, nada de informalidades, pois são empregados e não meus amigos.

No entanto, se eles soubessem que minha aparência impecável é só uma máscara que esconde a verdadeira Mitchel, não a secretária executiva, mas, uma mulher que ainda está à procura de algo para juntar seus pedaços espalhados durante sua vida.

Dark InsideWhere stories live. Discover now