1º Capítulo ~ Pérfido

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O declínio funéreo das folhas secas anunciava o início do outono em Old Field. Lugar ao qual chegava a ser tão pequeno e irrisório que era assiduamente célebre em ser um local insípido e perdido no espaço-tempo. Sendo assim plenamente lúgubre em sua falta de contrastes, que se concernia na essência das cores mortas, as quais descobriam-se desde o céu até ao mais humilde ser efetivo.

Localizado ao centro de Old Field situava-se o orfanato New Door. Suntuosamente ornamentado no estilo da renascença italiana, apresentava-se tal como um recinto tétrico, em razão da deterioração ocorrida ao perpassar dos decênios, ainda mais aparente em seus tijolos vermelhos, integralmente enegrecidos na obscenidade de vinhas ominosas, que sepultavam qualquer ar nobre do orfanato.

Percorrendo a alameda integralmente devastada do portão de ferro até a pequena escadaria, encontrava-se Emily, menina simples, de graciosos cabelos negros e ondulados que contradiziam sua cútis pálida e fria. Mascarando sem intenção tons cálidos e adocicados das redondas maçãs de seu rosto.

Ainda que seu corpo franzino e sua aparência inocente e infantil despertasse fidúcia às pessoas que a tiveram conhecido, toda a pequena população de Old Field julgava-na um ser de má índole por consequência de uma antiga estória que pairava nas conversas de toda imediação do orfanato. Entretanto, ninguém até então saberia dizer se era fato ou mito, apenas secundavam o que se era ouvido.

Proferia-se que Emily havia sido vista vagando taciturnamente ainda pequena, sem rumo e nem resquício de seu próprio nome, vagando pelas sórdidas ruas de paralelepípedos aos pés molestados, com seus olhos castanhos plácidos quase que inanimados esquadrinhando através de sua franja dessa-linhada, o orfanato. Tal ocasião constatou que a menina não dispusera de familiares ou memórias sobre sua atual condição. Portanto, aquelas pessoas, acintosamente de fronte à falta de explicação sobre a existência da menina, insolitamente promulgaram e empregaram-na àqueles designados a ruindade em uma sociedade, assim como faziam com todas as coisas que não possuíam explicações pela religião cristã.

Nomearam-na Emily, nada mais que Emily.

Ao lado de fora, fitando a porta do orfanato que se cobria de pintura descascada, com sua maçaneta pendurada pela haste, mantinha-se Emily ao aguardo de Sra. Thompson, dispondo de sua jaqueta preta de veludo, com graciosa gola branca de rendas que adornava seu pescoço, tal como os punhos da afável jaqueta. Uma saia preta também de tênue veludo findando aos seus joelhos com total brandura. E logo abaixo, o restante de suas pernas delgadas, encobertas por uma meia preta de lã, juntamente aos seus sapatos gastos de fivela.

Impremeditavelmente abriu-se a porta e decerto a imagem não regozijava Emily.

– Diga-me o motivo da presença? – Empertigada, com o nariz empinado e face circunspecta, espiando a cena por cima dos seus óculos empoeirados, encontrava-se Virginia Margaret, ou somente Sra. Margaret, autoproclamada dona e monitora chefe de New Door.

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⏰ Last updated: Oct 04, 2019 ⏰

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