Cap. Trinta e Dois

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Como soubesse que estava a ser espiado, Dominick vagueia o olhar pelas janelas do meu andar até chegar à minha. Podíamos estar longe um do outro, mesmo assim consegui ver um sorriso pervenço a balançar nos seus lábios. Ele até fez questão de os morder sensualmente. Não tive como não lhe levantar o dedo do meio e vira-lhe as costas.

Canalha!

Bipolar!

Bufo irritada voltando para junto da minha secretária, sento-me na cadeira branca e pego na esferográfica rosa. Vários tipos de papéis, sejam pequenos, grandes ou médios estavam machucados e espalhados sobre o tampo da secretária. Ou seja, ela estava numa bagunça tal como os meus pensamentos. Há uma hora atrás, antes de e ir vê-lo, estive a tentar escrever um bilhete para o meu guarda-costas, mas nada ficava bem, mesmo que fosse só para vê-lo mais tarde para falarmos de assuntos.

Olho para os dois únicos papéis que continuavam lisos e com a minha caligrafia. O primeiro dizia: Não me ignores e vem ter comigo imediatamente! E o segundo era: Preciso de falar contigo, seu ignorante.

Nego com a cabeça amaçando os papéis que deveriam sair deste quarto para as mãos daquele homem irresistível que me levou ao céu por breves instantes e tratou de mim como se fosse uma princesa de uma família real importante.

Respiro fundo quando decido pegar nas bolas de papel e atirá-las para dentro do cesto branco escondido de baixo da mesa. Limpo a mesa toda, deixando somente a minha caneta e outro papel que fui buscar à gaveta. Olho para o papel como se ele fosse uma ameaça para mim, em nenhum momento pego na caneta para começar a inventar uma frase. Este é o meu último papel, a minha última tentativa de escrever um bilhete para deixá-lo irritado e com um sorriso naquela cara carrancuda.

Mordo o lábio inferior ao surgir uma ideia à cabeça. Sorrio com maldade levando o bico da caneta ao papel para começar a escrever. Enquanto escrevo sinto o coração aos saltos dentro do peito de tão nervosa e ansiosa que estou.


Sabes...deverias aprender algumas cantadas inteligentes para me dizeres. Spencer diz algumas para mim e ao meu ver, ele leva muitos pontos em avanço a ti. Deverias pedir para te ensinar em vez de ficares com essa cara de elefante, mau humor e roendo de ciúmes.


Eu como sou boa moça, posso pelo menos mudar esse teu humor azedo, já o resto tens mesmo de fazer com Spencer! É só me encontrares à meia-noite para resolvemos essa questão. Aonde? Pois isso tens tu de descobrir.


Agora sim. Isto é que é um bilhete dígono para ser lido por ele.

— Perfeito! — Declaro animada, dobrando o papel em dois e o escondendo no meio das páginas do livro Enomaníaco de Vi Keeland que atualmente estou a ler. Chego até a soltar um riso irónico ao encontrar um outro papel, só que este estava dobrado em quatro. Fecho o livro e o ponho no canto da secretária, por cima do caderno de artes. Fico algum tempo a olhar para ele, querendo puxá-lo para mim e acabar o que mal comecei, mas parece que me estou a tronar paranoica ao querer desenhar o que acho que é aceitável entrar no meu caderno de artes que mais o considero como um diário secreto, só que em vez de haver texto há imagens que representa o que me foi memorável.

Ao não conseguir resistir puxo o mesmo para mim e abro na página inacabada. O desenho em si está acabado, só falta dá-lhe vida e cor a personagem intrigante que ocupa a página inteira.

PERIGOSAMENTE TENTADORWhere stories live. Discover now