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Meus olhos acordaram-se leves, embora meu corpo sentisse o cansaço desde o primeiro segundo. Parecia que eu havia corrido uma maratona e que meu corpo não estava acostumado com a injeção de adrenalina que tive em tão pouco tempo. Bom, ele não estava mesmo.

Acordei movendo-me de um lado para o outro na cama. Harry sempre disse que eu me mexia mais que qualquer um na hora de dormir e eu discordava mesmo sabendo que era verdade. Como uma pessoa que consegue acordar com o próprio ronco -Isso também já aconteceu uma vez com Harry-, acordei com minhas próprias viradas de lado e esse despertar fez com que um bocejo longo e natural saltasse de meus lábios. Estiquei rapidamente meus pulsos um pouco doloridos e joguei meu braço esticado para a cintura de Harry, colocando de volta dentro da nossa concha, mas meu antebraço atravessou direto.

Minha mão tateou o edredom esticado algumas vezes até que eu forçasse minha visão e percebesse a ausência completa de Harry naquele quarto quase totalmente escuro.

-Amor? -Chamei baixo, quase resmungando com minha voz bastante nasalada, e acabei repetindo a dose mesmo sem nenhuma resposta aparente.

Procurei o celular na pequena mesa ao lado da cama e, quase derrubando-o, consegui entrelaça-lo em meus dedos e ligar a lanterna depois de me assustar com o brilho exagerado da tela, cujo estava no mínimo.

Peguei a primeira cueca e a primeira blusa que eu encontrei no canto das malas abertas e vesti. Mesmo que levemente por conta do aquecedor do local, era possível sentir uma pequena brisa fria do inverno pela casa.

Aquela blusa certamente era do homem da minha vida, mais conhecido como o rapaz de ombros mais largos e músculos mais acentuados que o meu, mais dez centímetros de altura também. Tudo isso porque talvez a vestimenta tenha ficado exagerada em mim e um pouco grande, embora eu apenas tenha percebido quando sai do quarto e a luz da sala e da cozinha estavam ligadas.

-Amor? -A mão que tentava controlar os fios enlouquecidos do meu cabelo, que se libertaram durante toda aquela bagunça, desceu para coçar meus olhos cerrados novamente pela iluminação exagerada.

-Na cozinha! -Ouvi nitidamente quando já caminhava rumo àquelas bancadas de mármore escuro.

-Bom dia! -Foi automático. Sorri para ele com meus dois cotovelos na bancada e minhas mãos apoiando meu rosto. Ele sorriu de volta sem graça, e logo virou o rosto novamente para o que estava fazendo, ao que parecia, algum macarrão ao molho de tomate. -Quer dizer, boa tarde... Espera, que horas são?

-Tarde! -Exclamou. -A gente nem almoçou, não sei de onde surgiu tanta energia assim. Isso aqui já é nossa janta. Você não tá com fome, amor? Porque eu acordei morrendo de fome!

-Você eu já não sei, mas eu almocei muito bem. Uma comida bem temperada aliás. Sal... Vinagre... -Provoquei intencionalmente, porém, não me contive em concordar. Minhas pernas estavam tão fracas que mal parecia que eu conseguiria dar mais alguns passos longe dali, sendo bem dramático.

-Idiota! -Harry virou-se com suas covinhas á mostra e não apenas isso. Ele usava apenas uma calça larga, sem cueca, quase descendo pelos seus quadris e tudo que eu conseguia pensar era como foi ter a vista panorâmica de tudo aquilo apenas pra mim horas atrás. -Experimenta!

Harry colocou alguns fios do macarrão com molho enrolados em um garfo de sobremesa e redirecionou a mim, junto com uma atenciosa mão logo a baixo, impedindo que caísse, até que estivesse cem por centro dentro da minha boca.

-Como você fez isso? -Perguntei mal dando para entender as palavras completas, com a mão na frente dos meus lábios e ainda tentando mastigar o macarrão por completo. Levantei meu polegar direito para ele, sinalizando sobre o sabor e a textura do alimento e ele piscou apenas com o olho esquerdo para mim, antes de voltar para o fogão.

Uncertain Call - (L.S)Where stories live. Discover now