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ALERTA DE GATILHO: Esse capítulo pode conter momentos sensíveis para crises de ansiedade, ataque de pânico ou depressão.

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-Obrigado por ter me trago aqui! -Louis disse baixo, parecendo estar deslumbrado e um pouco intimidado com as pessoas que entravam e saíam a todo momento daquele café. Na maior parte do tempo, ele apenas encaixava suas pequenas mãos na lateral da caneca e levava o chá até sua boca, assoprando-o delicadamente para que esfriasse. -Ás vezes eu esqueço como é sair de casa...

Estava frio, muito frio do lado de fora, porém, ali conseguiu ser tão aconchegante quanto nossos próprios casacos, cujo estavam pendurados na parte de trás das cadeiras.

Louis estava com uma blusa maior, com mangas mais longas que seus próprios braços e isso cobria também seus dedos. Por algum motivo, ele adorava roupas largas e o fato de que podia se esconder dentro delas. Uma forma de tentar se esconder das pessoas, camuflando-se.

Eu não estava totalmente em horário de trabalho, mas ainda carregava minha arma comigo. Ninguém sabe quando você vai precisar usá-la em Nova Iorque. Ela estava devidamente colocada em meu quadril para que não incomodasse tanto no ato de estar sentado e as roupas de inverno ajudavam a escondê-la.

Obviamente, Louis não sabia disso.

Ele simplesmente odiava armas, o fato delas machucarem os outros, como eu precisava ter uma comigo todos os dias e também odiava precisar algum dia lidar com isso. Tudo nesse tópico poderia ser fatal e incerto, eu sabia, mas era o meu trabalho e tudo o que eu poderia fazer era evitar ao máximo falar sobre isso.

Eu tinha a plena noção que isso causava uma certa ansiedade nele, um enorme desconforto por saber que todos ao seu redor iriam embora e, por apenas sobrar Lottie e eu, ele não queria que nada ruim acontecesse conosco. 

Louis passava a maior parte do tempo espremido em si mesmo, do outro lado da mesa, e encarando a grande janela de vidro que havia na cafeteria, com vista para tudo e todos que passavam.

-Não precisa agradecer! -Relembrei sem tirar meus olhos dele. -Você sabe que pode me ligar sempre que quiser sair um pouco do seu quarto.

-Ainda não sei como você é tão bom comigo... -Louis sussurrou, soltando um leve sorriso e eu fiz o mesmo. Ele arrumou seu cabelo e eu ainda pensava se sua frase havia sido séria.

-Por que eu te amo, LouLou. -Foi irracional trazer à tona o primeiro apelido que eu tinha dado a ele. Talvez nem ele mesmo se lembrasse de que eu o chamava assim quando éramos crianças. Eu poderia facilmente assisti-lo de novo naquele cenário, sendo apenas ele.

-Harry... -Ele disse claramente desconfortável, se ajeitando na cadeira acolchoada e ficando um pouco inquieto desde então, sem olhar diretamente para mim. E foi aí que eu voltei a realidade.

-Desculpa, eu não quis falar desse jeito... Não foi essa a intenção.

-Acho melhor eu voltar para casa... -Engoliu a seco enquanto abaixava sua cabeça e começava voltar a brincar com seus dedos por baixo da mesa. Droga, Harry!

-Não, Louis, espera! -Falei, tentando resgatar um pouco do tempo que tinha para me explicar. A última coisa do mundo que eu queria era deixar o meu garoto intimidado pelos meus sentimentos por ele. -Eu te amo. Ok? Do mesmo jeito que a Lottie também te ama e eu quero o melhor para você. Eu não faço mais do que minha obrigação em te tratar bem e você não precisa responder a isso. Você não precisa sentir isso em troca, eu só quero que você saiba que eu me importo e que eu estou aqui.

Louis continuou em silêncio, parecia não escutar o que eu havia acabado de dizer, mas eu sabia que sim. Ele não se moveu ou fez qualquer outro gesto nos minutos seguintes.

Uncertain Call - (L.S)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora