2000

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-Vocês já trocaram quantas mensagens um com o outro? -Liam perguntou, embora estivesse receoso da resposta que poderia obter apenas com aquelas palavras. -Você e a pessoa que você, provavelmente, chama de irmã ou sei lá como você considera ela.

-Não sei, nunca contei, Liam.

-Uma estimativa. -Insistiu mais uma vez e eu pensei um pouco mais.

-Umas... 2000? -A lateral dos meus lábios abriram-se suavemente e se esticavam, em uma expressão de medo pela estimativa e a reação dele ao ouvir, como a linguagem corporal de quem acabou de ser pego fazendo algo que não deveria.

-2000? -Cortei seu momento de choque mando-o calar a boca pelo grito exagerado. -Tudo isso em, o que? Uma semana? Eu acho que nem eu já troquei esse tanto de mensagens com o Zayn e olha que nós já chegamos na parte em que ele me manda nude na minha casa, na minha cama, enquanto eu estou no trabalho.

-Vamos começar que você nem deveria usar o celular durante seu turno. -E não deveria mesmo, porém, bastava ficarmos dez minutos sem nenhuma ligação ou fazendo patrulhas tranquilas, que ele voltava correndo para as mensagens com o namorado. -E eu não quero saber da vida sexual de vocês!

-Claro que quer, você é meu amigo, eu tenho que te contar tudo. -Disse brincando com a situação e sentando na pequena mesa a minha frente, me deixando encurralado. -Mas se isso for inveja, não tem problema, eu posso te emprestar ele por alguns dias. Ele é muito bom em...

-Ok. Você é ridículo! -Não queria sorrir pela situação em prol da minha dignidade, mas eu sentia um sorriso escapar dos meus lábios pelo constrangimento. Liam era idiota e conseguia me fazer rir em todos os momentos possíveis.

-Mas agora é sério, você precisa tomar cuidado. -Se referiu às mensagens que tenho trocado todos os dias com Gemma e eu disse mais uma vez que sabia disso. Me sentia uma criança que não sabia nada do mundo sempre que falavam isso para mim, como se eu beirasse meus cinco anos de idade e eu odiava isso. Bufei e lembrei meus sentimentos quando alguém tentava me lembrar de algo que eu já sei, aliás, eu sou um policial. -Policiais também podem ser enganados!

-Eu não sei que tipo de policial você é, mas eu não sou um desses.

-Nunca se sabe! -Payne ergueu as sobrancelhas e levou o café extra grande, que tinha comprado minutos antes e estava apenas esperando para que ele esfriasse. Nunca entendi isso, se quer ele frio, por que não já compra gelado? Felizmente, na tentativa de medir a temperatura do líquido, ele acabou queimando sua língua, nos dois sentidos. -Você já contou para o Louis?

-Não... Mas eu quero contar hoje, quando eu chegar em casa.

-Eu achei que vocês contavam tudo um para o outro, tipo aquelas histórias de amor extremamente idealizadas e de amor puro, verdadeiro, que saiu da adolescência e que vai ficar até vocês morrerem juntos e de mãos dadas. -Liam explicava fazendo gestos grandes e longos, ilustrando cada parte da história, inclusive os filhos correndo pela casa e a família perfeita. Tudo extremamente irônico, obviamente.

-Essa não é uma dessas histórias usadas para manipular adolescentes de que a vida é fácil e incrivelmente linda! -Complementei um detalhe sobre meu próprio relacionamento que, apenas depois de ser falado em voz alta, me fez perceber o quão era verdade. Nenhum relacionamento real é uma incorporação de livros românticos. -Eu também achava que a gente contava tudo.

-

Eu não sei quanto tempo realmente levou pra que alguém chegasse à conclusão de que uma pessoa tende a querer agradar a outra sempre que quer fazer ou pedir algo a mais, também não faço ideia de como essa conclusão foi determinada, mas sei que essa pessoa estava cegamente certa. Uma parte mim falava que era hipócrita querer agradar alguém antes de jogar uma bomba atômica em sua cabeça, contudo, eu sentia que precisava fazê-lo se sentir bem antes de caminhar por estradas de sentimentos incertos.

Uncertain Call - (L.S)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora