Eu não quero mais mentir

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— Mesmo? Que bom! — responde, e vejo suas orelhas ganharem cor enquanto comprime um sorriso.

E ainda esqueci de pegar o dinheiro!

Choramingo quando ele vira de costas e soco contra o ar, voltando ao normal antes que ele visse.

— Vamos? Você me fala a direção.

Direção de onde?

— Ah, não... — Abano a mão, negando. — Nós vamos de... metrô.

— Metrô? Você não odeia? Ah... Não estou questionando. Vamos — fala, começando a caminhar, e olho o sol, que brilha forte no céu, causando um calor do capeta. E eu o chamando para caminhar até o metrô. Tudo errado... — Boneca?

— Sim — respondo automaticamente, ainda imerso no meu atual problema.

— Estou surpreso por ter me chamado para um encontro — diz, parando na minha frente, cruzando os braços, com um leve sorriso no rosto. Lá vem a serpente do Éden. — Mas acho que já era pra eu ter me acostumado. Estar com você é ter uma surpresa diária.

— Que jeitinho bonito de falar que eu sou um desastre, Jiminzinho...

Ele ri.

— Esse, por um acaso, é meu novo apelido?

— Não, jamais... continua sendo Bandido. Uma vez mafioso, mafioso pra sempre, é a regra.

Park ri mais, acariciando minha cintura por cima da roupa, voltando a caminhar devagar ao meu lado.

— Eu estive pensando... sobre a melhora de Jihyun.

Ah, o irmão do cinema. Ele era parecido fisicamente com Jimin, mas parecia um pouco mais tímido.

— Ele está bem?

Jimin assente.

— Acho que eu tentei muito ser pai dele, um ajudante do nosso pai de verdade ou coisa do tipo. Quando, na verdade, isso é impossível. E ele só precisava do irmão.

Sorrio de leve.

— Está passando mais tempo com ele?

Jimin afirma.

— Ele joga bastante. Eu sou péssimo, mas competitivo, então acabamos nos dando bem. Ajudei ele em algumas matérias, acho que está voltando ao normal. Você é mais gamer que eu, precisa me ensinar depois.

Eu me aproximo dele, olhando seu rosto bonito de perto.

— Você é uma ótima pessoa, Park.

Jimin sorri, mostrando os dentinhos da frente.

— Você não está fritando nesse moletom?

— Sim, mas você também tá todo de preto. Não tá morrendo?

— Ainda não...

Ele olha para o lado, me puxando junto quando anda.

— Sombra. — Aponta para o chão.

Quero ir de mãos dadas, mas talvez seja pedir um pouco demais. Vamos caminhando em direção à estação, conversando.

Chegando lá, finjo que não estou encarando demais o mapa, tentando ter uma ideia de onde deveríamos ir. O horário do meio da tarde não era de pico, então havia vagões vazios e lugar para se sentar. Ocupamos um banco lado a lado, e sugeri irmos jogando "pedra, papel e tesoura", valendo um tapinha no braço do perdedor, inspirado nas brincadeiras que tenho com Hwasa, já que aquele projeto de gente adora me bater por nada. Jimin tem dó de bater, mas eu não tenho. Inclusive, ri bastante o tempo todo, e ele também. Ele conta que detesta dor, e continuamos brincando e conversando sobre a escola, nossas famílias ou coisas do passado.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora