O delinquente sincero

57.4K 9.1K 14.1K
                                    

— Quem mexeu nas minhas maquiagens, quebrou o pó e deixou o banheiro imundo? — minha mãe pergunta, irritada por não ser a primeira vez que acontece.

Dou de ombros, pronto para tirar o meu da reta, quando...

— Foi o Jungkook! — Hwasa me acusa no mesmo instante, apontando em minha direção.

— Eu? Por que eu iria mexer nas maquiagens da mamãe, garota? — pergunto, me aproximando dela, irritado, porque ela sempre joga tudo para cima de mim.

Isso pode ser pouca coisa, uma amostra ou algo sem importância, mas Hwasa é chamada de capeta por mim e pelo Taehyung por alguns vários motivos. Essa menina serve para ser presidente do país, de tanto absurdo que inventa. Empurrou nosso irmão do meio, no ano passado, ele levou pontos e desmaiou quando viu o sangue. Quem levou a culpa de não cuidar deles direito? Pois é. E a danada nem saiu como culpada por ter empurrado o menino.

Eu me aproximo dela, esperando que explique, mas vejo a expressão diabólica. Ela tem algo na manga.

— Porque você gosta de maquiagem.

— O quê?

— Eu vi no seu banheiro — ela responde.

— Viu o quê? — Mamãe aparece no corredor.

— Nada! — respondo de imediato, evitando que o assunto se prolongue, e a baixinha parece satisfeita por ter se safado de mais uma. Quando ela mexeu nas minhas coisas? Eu sempre tranco tudo, guardo o que é meu, como a pestinha viu mesmo assim?

— Jungkook, vai limpar — minha mãe manda, já apressada para sair, e eu apenas desisto de uma vez, sem energias para argumentar.

Hwasa sorri para mim, dando tchauzinho, enquanto eu me tranco no banheiro. Menos mal, porque, se ela realmente decidisse falar sobre o lance da maquiagem, seria pouco custoso chegar até o meu hobby. Eu queria ensaiar para relaxar, mas alguns minutos esfregando a cerâmica branca pode ajudar também. Estive tenso o dia inteiro, por causa daquele maldito vestiário.

Eis o que aconteceu: assim que ele me agarrou naquela cabine, minha primeira reação foi entrar em pânico e querer gritar, mas sabia que havia outros caras tomando banho naquele maldito vestiário, que poderiam estar por perto, e que Hoseok estava a alguns passos de nós, pronto para vir me socar, caso o Cangaceiro o chamasse. E outra coisa me impediu: a mão de Park na minha boca, me prensando na parede. Meus olhos arregalados dobram de tamanho quando lembro que ele estava tomando banho, com a pele quente e úmida, totalmente exposta, pela qual algumas gotas de água ainda escorriam. Da cabeça aos pés. Park Jimin estava pelado, obviamente.

Ergui a cabeça, evitando olhar para baixo, e ele se aproximou ainda mais. Tentei espernear, mas parei, ouvindo os estalos do lado de fora. Beijos, beijos quentes, por sinal. Franzi o cenho, enquanto Park afrouxava o aperto em minha boca, finalmente enrolando uma toalha no corpo, também curioso. Ele parecia reconhecer os murmúrios, e quando apurei os ouvidos, também reconheci.

— Eu gosto tanto de te beijar... — murmurou.

— Então, continua, querido — o outro respondeu.

Agoniado, abri um pouco a porta devagar, com Jimin no meu cangote, mas, ainda assim, não era o suficiente para me parar, porque... Era Taehyung. Taehyung, o mesmo que tinha ficado na porta, de vigia, aos amassos com o amigo ruivo do Park. Meu queixo caiu, e pensei em avançar até eles e exigir explicações, mas Jimin me puxou de novo para dentro, de novo para a parede, colocando o indicador nos lábios e, então, nos meus.

Eu já tinha sentido meu rosto aquecer pela situação de antes, e só pareceu esquentar mais com isso. Ele estava perto, quente, por causa do banho, e com o dedo apoiado em meus lábios. Eu sempre fui sensível a cheiros, e o odor fresco e perfumado que desprendia de sua pele, naquele momento, era absolutamente ilegal, infelizmente de um jeito bom.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora