Heaven Is A Place Full Of Nothing - ChaeKura [EM HIATUS]

White Light

O silêncio que se seguiu à frase da cartomante estava incômodo de mais, palpável até para ChaeWon, Minju e eu. Qualquer um que entrasse sentiria a tensão, a tristeza e todas as palavras não ditas pairando no ar, pesando no peito de mãe e filha, e até mesmo nos de quem estava ao seu redor. 

ChaeWon, por alguma razão ainda desconhecida por todos que presenciaram a cena, com exceção, talvez, da própria cartomante, adquiriu uma aparência mais solida. Sua pele agora tinha um tom pêssego vivo. Ela não parecia ser mais um fantasma, mas sim alguém vivo.

As lágrimas que escorriam por seus olhos brilhavam ao escorrer por suas bochechas, dadas as mudanças da iluminação.

Em um impulso, ChaeWon praticamente atirou-se na direção de sua mãe, prendendo-a em um abraço firme e cheio de lágrimas que não demorou a ser retribuído.

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Minju, Sakura e eu estávamos pasmas com a sequência de acontecimentos.
ChaeWon e a cartomante haviam se sentado um pouco distantes do restante de nós, precisavam ter uma conversa a sós, de mãe para filha.
Enquanto a conversa delas se desenrolava, o resto de nós se forçava a processar a situação o quanto antes, o que, devo confessar, não estava sendo nada fácil para mim e Minju, cujas mentes ainda se encontravam um pouco nubladas.
Acredito que estivesse sendo ainda mais complicado para ChaeWon, levando em conta todas as emoções que se misturavam em seu interior, junto com a nevoa que cobriu por muito tempo as nossas mentes, ainda que ela tenha sido a que se manteve mais sã das três.

Enquanto me forçava a assimilar os acontecimentos recentes, acabei por perder a noção do tempo e, antes mesmo que eu conseguisse processar tudo corretamente, já era noite e a lua, hoje cheia, brilhava prateada no céu azul, tão escuro que poderia ser confundido com preto.

Quando direcionei meu olhar para ChaeWon e a cartomante, notei que já se levantavam, e vinham em nossa direção.
Em seu caminho até onde estávamos, vi um brilho tomar conta de ChaeWon ao mesmo tempo que adquiria uma aparência sólida e corada, quase como se estivesse viva novamente.

—É hora de eu ir, meninas. — ChaeWon disse, de olhos levemente marejados, ao se aproximar — Obrigada por tudo o que fizeram por mim. — as lágrimas começavam a escorrer por suas bochechas coradas — Jamais esquecerei de vocês, não importa onde eu esteja.

ChaeWon abraçou cada uma de nós individualmente, começando por Minju e sussurrando algumas palavras em seu ouvido.

A próxima foi Sakura, o que surpreendeu a nós três por sua solidez. Sussurrou algumas palavras para ela, assim como para Minju, palavras que fizeram uma lágrima solitária escorrer pelo canto de seu olho.

Eu fui a ultima entre nós a receber sua despedida final.

—Espero que consiga encontrar seu caminho também, Chaeyeon, mas, enquanto permanecer, não jogue seus dias fora como tem feito nos últimos sete anos. Viva. Viva mais do que quando era viva de fato. E ame, como nunca se permitiu em vida.

Ao se afastar de mim, fiz um leve aceno de cabeça indicando que havia entendido completamente o que ela pretendia dizer com aquelas palavras.

ChaeWon então se dirigiu a cartomante em um ultimo abraço.

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A conversa com minha mãe havia sido muito esclarecedora.

Havia descoberto coisas sobre minha infância, sobre a pouca adolescência que vivi e sobre mim mesma que jamais imaginei.
Todas as coisas que eu via, que eu sentia... Absolutamente tudo me foi esclarecido em apenas uma conversa com a pessoa certa e, de repente, me vi liberta da nevoa na qual eu estava presa; livre do peso que estava farta de carregar sobre os ombros.
Meu coração estava saltitante dento do peito, eu estava leve e respirei aliviada novamente pela primeira vez em mais de três anos.

Meu coração estava saltitante dento do peito.

Ele estava batendo de novo.

Eu respirei aliviada.

Eu estava respirando outra vez.

Por fim, nos levantamos e fomos até onde as outras estavam.
Minha mãe, neste final de conversa, após eu dizê-la o que estava sentindo me explicou que, agora que eu havia resolvido meus assuntos pendentes, era hora de partir desse plano para o próximo.

Eu estava finalmente livre para ir para o pós-vida.

Após me despedir adequadamente de todas, decidi dar um abraço em minha mãe. Meu primeiro e último, ambos no mesmo dia

Em meio o abraço, fomos tomadas por uma luz branca que emanava de dentro do meu peito.

A luz tomou conta de todo o meu ser e de todo o meu campo de visão e logo todo o mundo que eu conhecia desapareceu.

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Enquanto elas se abraçavam, uma luz branca cegante começou a tomar conta do ambiente, forçando todas nós a fecharmos nossos olhos para nos protegermos.

Quando a luz finalmente desapareceu, e pudemos abrir nossos olhos, percebemos que havia levado ChaeWon com ela.