— Eu estou com medo — disse enquanto mordia o lábio inferior e encarava meu rosto com nervosismo.

Fiz a primeira coisa que passou pela minha cabeça e estendi a mão direita — ainda envolvida pela faixa elástica — e segurei sua mão. Ele pareceu ficar surpreso, mas não me afastou.

— Também estou. Você se importa de ficarmos apavorados juntos?

Alex soltou uma risada e pareceu mais aliviado. Fiquei feliz em saber que o divertia e dizia as palavras certas. Mas por quanto tempo? Quanto tempo até ele se cansar de mim e perceber que eu não servia mais? Preferi não pensar sobre aquilo e foquei em colocar nosso plano em ação.

Nós dois permanecemos em silêncio, pensando sobre os próximos minutos enquanto o ônibus adentrava na cidade e seguia para a rodoviária. Senti meu coração bater com força, ansioso e curioso para conhecer Nora e Jordan. Será que nos daríamos bem? Eles gostariam de mim? Ou me achariam muito liberal? Eles eram conservadores e talvez preferissem que o filho namorasse uma garota mais recatada e... Negra? Bem, eu sabia que algumas famílias poderiam ser contra isso, como muitas outras eram quando a filha ou filho branco se envolvia com uma pessoa negra. Pensar naquilo me trouxe desconforto, ao pensar sobre um preconceito por causa da cor da pele de alguém. Evitar, machucar, excluir e humilhar alguém por ser negro... Era simplesmente patético.

Esperei que meus falsos sogros não fossem daquela maneira, já que Alex não teria me escolhido e chamado para ser sua falsa namorada se a situação fosse assim. Mas ele mesmo havia dito que conhecia poucas garotas. Poucas garotas? Rá! Eu duvidava muito disso. Alexander — só o nome dele já era chique — era muito bonito para conhecer poucas mulheres. Deveria haver várias em sua cola e se jogando aos seus pés. Ou não? Bem, eu esperava que não. Pra falar a verdade, queria ele só para mim.

Poucos minutos depois o ônibus chegou à rodoviária e estacionou. Estaquei em minha poltrona e engoli em seco. Talvez eu não estivesse tão preparada como havia esperado...

— Melissa, você está pronta? — Lancei um olhar arregalado em direção a Alex. Ele estendeu a mão e aguardou por minha resposta. Estendi à minha para pegar a dele e confirmei com um aceno de cabeça. Eu não estava preparada, mas fingi que sim, pois podia ver que ele estava tão nervoso quanto eu.

Ele pegou minha bolsa e carregou por mim, sendo um gentil cavalheiro. Eu disse que poderia carregar a minha, mas Alex achou que seria uma boa ideia manter a imagem de namorado gentil. Dei de ombros e descemos do ônibus de mãos dadas. E eu, inevitavelmente, tinha um sorriso rasgando meu rosto em uma mistura de alegria, puro extâse e pavor.

Meus olhos passaram por todo o lugar em poucos segundos, procurando pelos pais de Alex. Talvez eu estivesse com uma expressão de loucura, mas já estava considerando dar meia volta e entrar no ônibus novamente. Meu falso namorado me guiou entre as várias pessoas em direção ao um casal que acenava para nós. Tentei não entrar em pânico e vi a semelhança entre Alex e eles. Eram os pais dele! Nora e Jordan!

Caramba, como o pai dele era alto! E mãe dele era jovem! Essas foram uma das primeiras coisas que notei. Comecei a repetir os nomes deles em minha mente, com medo de errar e constranger Alexander. Que tipo de namorada eu seria se errasse o nome dos meus sogros? Bem, era melhor não correr o risco e chamá-los de senhor e senhora, pensei.

A sra. Hall se afastou do marido e correu em direção ao filho. Alex largou minha mão e as bolsas, abrindo os braços e recebendo a mãe. Os dois trocaram um abraço apertado e percebi que ele fazia muita falta a ela. Tentei não ficar emocional e pensar em minha família. Decidi focar em conter o tremor de minhas mãos e manter o sorriso em meu rosto, mesmo que este talvez estivesse bem estranho.

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