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No dia seguinte nada havia mudado

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No dia seguinte nada havia mudado. Elizabeth levantou cedo, mas não se arrumou para o trabalho, apenas se deitou no sofá e ficou fitando o programa que passava na televisão com os olhos vazios e enfiada sob as cobertas. Conseguia ver com clareza que estava triste, decepcionada e sentia-se uma fracassada. Eu compreendia aqueles tipos de sentimentos, mas sabia que ela os estava tendo por minha causa.

Hoje eu deveria fazer meu retorno ao médico. Por isso, Will se responsabilizou em me levar. Fiquei agradecida e antes de partirmos fiz o café da manhã e deixei diante de minha amiga, esperando que ela comesse. Me despedi e saí com William para o dia razoavelmente frio.

Ele não comentou nada sobre o assunto após eu ter contado o ocorrido e o motivo de Elizabeth estar daquela maneira. Até mesmo Will parecia incapacitado naquele momento, reconhecendo a influência de Sebastian Johnson sobre as coisas e as pessoas. Eu queria questionar se podíamos processá-lo por humilhação, assédio ou agressão verbal, mas também sabia que não tínhamos provas o suficiente. E, claro, ele era muito influente.

William não se importou em faltar durante a manhã ao trabalho para me levar ao hospital. Fomos ouvindo a música que tocava no rádio e comentando sobre o clima ou as notícias do dia, até ele soltar algumas perguntas.

— Você acha que ela vai voltar pra casa? Depois de ter sido demitida? — Escutei ele perguntar. Tremi ao pensar a respeito. Elizabeth não poderia fazer aquilo, o sonho dela estava ali, em Manhattan.

— Claro que não! — recusei tal pensamento. – Por que ela faria isso? Gosta tanto daqui.

— Bem, talvez agora ela não goste tanto e pense que não há motivos para permanecer... — Will hesitou um pouco, mas prosseguiu: — Então, por isso, voltaria para a Flórida. O pai dela tem uma pequena empresa de construção, talvez ela queira ajudar, agora que...

— Não! — o interrompi. — Isso tudo vai se resolver! Lilly vai... Ela vai conseguir um emprego, não vai embora de Manhattan.

Will me olhou de soslaio, parecendo curioso e ao mesmo tempo observador.

— O que planeja fazer? — questionou, de forma curta e direta, sabendo que eu planejava algo.

Balancei a cabeça em negativa, fingindo ignorância.

— Não planejo nada. Apenas alguém vai ver o potencial de nossa amiga e contratá-la — afirmei, soando cheia de convicção.

Will deu de ombros e continuou dirigindo, sem mais questionamentos.

Chegamos ao hospital alguns minutos depois e eu me encontrava ansiosa para finalmente retirar a maldita tala. Estava cansada de não fazer certas coisas por causa daquele impedimento. Contudo, também sabia que depois da minha 'folga', não iria ter um emprego para o qual voltar. Me demiti do restaurante, completamente ultrajada e cansada de ouvir ofensas do sr. Flanagan. Sabia o que ele pensava sobre mim, e sabia que aquele não era o meu lugar.

Sete Clichês em Minha Vida ✓Where stories live. Discover now