Change Your Life

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Marisol sai do quarto e fico só com os meus pensamentos, tem mais coisas que gostaria de contar para minha mãe, mais coisas que não contém para ninguém, nem mesmo para o advogado. Coisas que ainda não consegui falar porque machuca, e também porque tenho medo das consequências, mas preciso contar.

Lavo meu rosto, escovo meus dentes e visto o roupão macio por cima do pijama. O corredor está vazio e silencioso, os meninos devem estar dormindo assim como meu pai. Consigo enfim perceber que não deve passar das 6 da manhã. Volto para o quarto, pego o celular e enfio no bolso antes de voltar para fora. O cheiro de café está em toda casa, me faz salivar enquanto desço as escadas.

- Aí está você. - ela fala quando entro - já ia te chamar. Misto quente?

- Uhum. - pego minha xícara com café com leite servido e sento na mesa - mãe? - ela continua montando os lanches mas olha em minha direção - preciso conversar com você sobre uma coisa séria.

- Pode falar tudo que quiser. - fico quieta enquanto ela para e me observa - pode falar, filha.

- Quero ir em um ginecologista. - começo pelo mais leve.

- Está tudo bem? Você está ... Machucada?

- O que? Não, mãe.

- Certo. - ela começa a tirar os lanches da sanduicheira para se ocupar - está grávida? Se estiver não tem problema nenhum.

- Não ... Mas ... - respiro fundo - mãe ... Tem uma coisa que não contei a ninguém, e por favor, por favor não me julga ...

- Nunca, meu bem.

- Quando eu estava ... Lá. Eu engravidei, duas vezes, mesmo eu me cuidando, juro que me cuidava, mas mesmo assim eu engravidei - vejo quando ela se apoia no balcão, seus braços estão tremendo e começo a chorar de novo - mas eu não fiquei com os bebês ... Eles ... Eles ... Chamaram um médico ... Fizeram um aborto das duas vezes ... Eu não tive escolha, nunca me perguntaram nada.  Eu só tinha que contar ... Não tinha direito de  escolher ... Mas depois do último eu não menstruei mais ... E ... Eu não sei o que aconteceu comigo ... Não sei como fizeram ... Eu quero ter filhos um dia ... Mas e se eu não puder? - ela está chorando - desculpa, mãe.

- Meu amor, desculpa porque? Você não tem culpa de nada, Cami. O que você faria com essas crianças naquele lugar? O que fariam com elas? - minha mãe da a volta no balcão e senta ao meu lado - isso é horrível e eu nem imagino como foi assustador pra você passar por todas essas coisas monstruosas sozinha, mas não foram sua culpa. - concordo e enxugo meu rosto com a manga do roupão - mas eu preciso saber se está sentindo alguma coisa. Você e o KJ ... Sabe ....

- Sim, mas eu não sinto nada diferente, mãe, não sinto dor ... Só ... Eu não estou me prevenindo tem um tempo ... Porque eu não menstruo a 1 ano mais ou menos - dou de ombros - então, não vejo porque tomar remédio.

- Vocês não estão usando camisinha?

- Não. Mas nada aconteceu ... Eu arrisquei ... Foi burrice da minha parte, mas eu queria saber.

- Certo ... Vou marcar uma consulta o meu médico, tenho certeza que ele pode te encaixar na agenda.  - ela segura meu rosto e olha dentro dos meus olhos e quando fala tem toda a certeza do mundo - você vai ter quantos filhos quiser, Cami, seja o que for ... Nós vamos tratar então depois você e KJ podem me dar lindos netos. Combinado?

- Combinado. - minha mãe me entrega um dos lanches e começa a comer - mãe?

- Oi.

- Quando estou com o Kage ... Eu não lembro do que me faziam, nunca consegui ver ninguém além dele ... Eu amo ele, sabe?

Stolen Life (Repost)Onde histórias criam vida. Descubra agora