Capítulo I - Não há mais céu - Parte I

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      A morte é uma insurgência ao sistema em podre! Pessoas são substituíveis, mas bens não. Isto é horrível para o estado. O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas de produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e, portanto, com o passar do tempo, inteligentes. De fato: a guerra é horrível para o Estado de agora.

    E essa Guerra será a marca do sofrimento eterno... E todos presenciarão os horrores da Guerra Vermelha, uma guerra que nunca se vira na historia da humanidade, que transformará em pó os elementos das calcadas e o asfalto. E o progresso tão distante, que pereceu e retrocedeu várias vezes, mais vira melhor com as construções: a esperança nas coisas físicas. O Estado construiu, e agora foram destruídos. A esperança nas coisas físicas permanece numa mentira, um mito vazio...

      E não é de admirar-se que, agora, com corpos indo para o abate tão escassos, a vida se torna a morte no céu. Comboio de mentiras, os mentirosos da verdade tremem quando a mentida não dá certo. À pequena Coeva: só morte e destruição para você. É o fim do mundo: o fim dos tempos. Apareceu impenetrável durante eras, e agora sua principal cidade está bombardeada por aviões e corroída por atiradores que matam inocentes das sacadas. E enquanto o exercito avançava, o mundo acabara, em chamas, e este ia até o mar, num grande raio escarlate com máquinas que faziam o trabalho dos soldados que não mais existem.

      E isto é o que acontece na guerra quando meio milhão de pessoas fogem do rastro de destruição de setenta quilômetros: as casas com suas câmeras estão desativadas, e as grandes telas de televisão, cinzentas. Cada parede era uma câmera, que contava os seus passos, sua fala, seu rosto e suas emoções. E o mundo virou cinza. Os prédios, totalmente acabados com grandes buracos e os carros cor de carvão. Apesar da guerra ter estourado, a Coeva parecia estar em pé, pelo menos cambaleante. 

     E enquanto a Suânia era bombardeada e transformada em chamas, escombros e pó fino de concreto, os ares dificultavam muito a respiração. O cheiro de pólvora estava em todo o lugar. O pó fazia uma nuvem cinza que escurecia o sol como enxofre, mas fazia a Terra ferver. Algo horrível para os pulmões dos militares, totalmente treinados à esta situação afligente. Eles eram os revoltosos principais da pequenina Coeva, já destruída pelos caças. Tentavam cruzar a ponte feita por faixas de aço e araras de ferro improvisadas. Iriam para Duânia, uma cidade há cinco quilômetros para à base, à Cidadela, a ultima cidade.

     O parlamento havia sido bombardeada por artilharia inimiga, e pegava fogo incandescente.

     O primeiro plano era correrem velozmente, a fim de não serem facilmente mortos pelos franco-atiradores nas sacadas dos prédios. Era um plano de suicídio,  até mesmo reconheceram isto. Então resolveram capturar um carro do governo estacionado rente para a calçada: os militares tinham tomado tudo. Mas o problema é de que os franco-atiradores matariam qualquer um que se aproximasse do veículo, que mesmo covardemente abandonado, talvez serviria como ponto de fuga e observação para o maldito governo escravizador. Um silencio insuportável, com destaque o paradigma: as bombas ensurdecedoras. O céu era tão escuro que parecia que era a noite, mas era o dia. Apenas no cruzamento do quarterão, enxergava-se um ponto, um sinal ou um lêiser vermelho conseguia-se notar, e não se ouvia nada, nem um único sussurro. Isso fazia qualquer som se multiplicar. É igual no meio da noite: um mísero som vira um grande concerto. Se desse um barulhinho, um dizer, um grito, a maior chuva de foguetes viria, fogos mortíferos, os tiros de metralhadoras. Um berro. E o lugar viraria escombros atrás de escombros. Diante da estátua destruída na praça, a impetuosa do rei, tudo era vigiado e morto. O grupo estava escondido no prédio arrasado da prefeitura, do lado aposto da rua do automóvel. 

A Guerra VermelhaWhere stories live. Discover now