DO INICIO

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Meu nome é Joy, tenho 39 anos, sou solteira e sem filhos. O sonho de toda mulher. Só que não. Aos 39 anos com esse quadro, a crise de meia idade bate com força na porta de qualquer mulher, por isso resolvi fazer uma reflexão sobre minha vida amorosa, e vou contar para vocês.

1988 – 1990

Quando tinha 8 anos tive minha primeira paixão, chamava-se José, uma paixão infantil do Jardim de infância, coisa que nunca iria dar certo, e o mais importante, era mão na mão, não rolava beijinho, mas todos na sala saiam que éramos namorados. Era fantástico, limpo, puro, e principalmente verdadeiro. Mas como nada dura para sempre, a infância começou a acabar, e a realidade e dura.

Aos 10 anos minha primeira paixão platônica bateu a minha porta, chamava-se Eurico, isso mesmo, o nome era horrível e ele tinha bochechas de Kiko da série Chaves, e ele se achava e eu achava ele mais ainda, era uma coisa estranha de pré- adolescente onde ele sabia de meus sentimentos, ele se declarava a mim de vez em quando, geralmente e quando estávamos sozinhos porque na frente dos amigos era um mico, mais ninguém se pegava, e assim o curso de minha vida amorosa foi ganhando uma proporção esquisita. Acabou o ensino fundamental e fui direcionada ao que chamávamos de ginásio.

1993-1993

Chegando ao ginásio já aos 14 anos, a coisa foi piorando, eu me encantei pelo carinha mais seco, mais alto e mais sem expressão e sem emoção de todo o colégio, se chamava Breno, tinha uma cor bonita, negro com cabelos lisos e parecia cheiroso, apenas parecia, porque nunca cheguei perto para conferir. Isso mesmo, eu o amava com todo o amor que eu achava que sentia por um garoto, o coração disparava ele era de uma série a mais avançada que a minha e isso impossibilitava um pouco então os momentos de intervalo eram sagrados, eu preferia deixar de comer ao perder esse momento único, onde eu poderia admira-lo. Sim, era patético, vergonhoso, e o pior guardava aquele sentimento como se fosse meu maior tesouro e aquilo me sufocava. Pior que isso, era inventar que tinha namorado, porque todas as minhas amigas tinham, eram super descoladas e eu BV (boca virgem). Como todo amor platônico não passou disso.

1994-1999

O bom dessas fases é que passa, numa velocidade que a gente nem lembra que um dia aconteceu, e passou. E claro só passa porque a gente substitui, e vamos ao próximo. Todos os dias por volta das 18h passava por minha porta um jovem rapaz sempre cheiroso, cabelinho arrumado, para ir à escola – opa!!! Escola a noite naquela época?! Era sim, ele deveria ser um trabalhador, o homem que sonhei, responsável e lindo. Partindo daquela avaliação decidi acompanhar seus passos todos os dias no mesmo horário. No dia seguinte muito prontamente, tomei banho me perfumei e rezei que minha mãe me deixasse observar a rua em minha porta, porque vivíamos praticamente em cárcere privado minha mãe sempre foi um verdadeiro sargento.

E ela deixou, e no horário marcado por mim já estava pronta a esperar a passagem de meu grande amor, chega ser ridículo eu sei, mas era com quem eu sonhava naquele momento, e ele veio, mais uma vez passou para ir a escola e dessa vez ele me notou, acreditem, observou o jeito que o olhava e aquilo foi fantástico, era como se eu tivesse sido beijada pela primeira vez, morro de rir só de pensar, a passagem dele demorava menos de um minuto, mas para mim era como se durasse uma vida. Passado o galã, entrava e suspirava até o dia seguinte.

Vários dias se passaram e esse mesmo procedimento foi repetido enumeras vezes. Até que numa tarde fora do horário da escola, eu ouvia som da Legião Urbana bem alto aproveitando meus pais não estarem em casa, quando de repente ele parou e perguntou meu nome. Fiquei estatelada (para quem não sabe é em estado de choque aqui em Salvador – BA)não sabia se respondia ou se corria de vergonha, mas com o coração palpitando respondi, de ele se identificou, era o Marcelo, o nome que soou no meu ouvido como música, foi mágico e lindo, e eu pude dessa vez saber que ele era cheiroso, pois ele estava perto. Perguntou pelo meu gosto musical, sorriu ao ouvir minha resposta e prometeu voltar para apresentar mais coisas sobre aquela banda. Gente, naquela tarde tudo mudou para mim, eu tive meu primeiro contato real com alguém que eu era platonicamente apaixonada, a minha vida começada a mudar ali naquele momento.

TUDO SOBRE ELES (Concluído)Where stories live. Discover now